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Costa contraria Marcelo e diz esperar que não faça mais dissoluções do Parlamento

O primeiro ministro diz que não lhe “ocorre” ter esclarecido qualquer pedido para que o presidente ouvisse a PGR no dia da sua demissão. Volta a criticar a dissolução da AR e diz que espera que outra não venha a ser necessária. No PS não apoia nenhum dos candidatos. “Não me ficaria bem”, afirma.

Olivier Matthys / EPA
18 de Novembro de 2023 às 13:52
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Esta quinta-feira, na Guiné Bissau, Marcelo afirmou que na manhã do dia em que foi conhecida a investigação que viria a conduzir à demissão de António Costa, se reuniu com a procuradora-geral da República a pedido de António Costa, referindo que o próprio chefe de Governo já tinha esclarecido isso.


António Costa, porém, diz agora que não se recorda de ter feito qualquer pedido. Questionado sobre se publicamente esclareceu o pedido para que Marcelo ouvisse a PGR, respondeu apenas:"terá de perguntar ao Presidente da República que comentário público terei eu feito, não me ocorre nenhum", declarou, em declarações aos jornalistas à margem dareunião da comissão política do PS, que decorre em Lisboa.

"Em oito anos como primeiro-ministro, tenho o princípio que nem por mim, nem por heterónimos que escrevem nos jornais, dizer o que acontece nas conversas entre mim e o senhor Presidente da República e agora não vou alterar seguramente esta prática", salientou.

E continuou: "As conversas entre o Presidente da República e o primeiro-ministro não são conversas entre duas pessoas que se conhecem, mas entre dois titulares de órgãos de soberania. No dia em que um começa a achar que pode dizer o que o outro disse, ou o que o outro não disse, seguramente as relações entre órgãos de soberania correrão com menor fluidez."


Comentando a crise política, o primeiro-ministro sublinhou que a dissolução da Assembleia da República "foi totalmente despropositada e desnecessária, mas, pronto, está feita". 


"Aquilo que todos desejamos, seguramente, é que esta tenha sido a última dissolução do atual Presidente da República e que o chefe de Estado não fosse ainda fosse confrontado com a necessidade de fazer novas dissoluções no futuro", advertiu.


"Ser forçado a outra, isso não. Por isso, é essencial que a direita não seja maioritária na Assembleia da República e que possam existir outras soluções. O Chega não existe para governar, o Chega existe para contestar e para perturbar", acentuou.


Deixou ainda outro recado, este dirigido ao PSD: "Que ninguém pense que lá por fazer um acordo com o Chega e ter uma maioria na Assembleia da República cria condições de governabilidade".


"Não cria. Pelo contrário, é um fator de enorme ingovernabilidade", sustentou.


Costa não apoia publicamente nenhum dos candidatos ao PS

Sobre o futuo do PS, António Costa afirmou que não vai apoiar nenhum dos candidatos. "Tendo tido o privilégio de ter sido nove anos secretário-geral do PS e com um apoio tão vasto, não me ficava bem interferir agora na escolha de quem me vai suceder", declarou aos jornalistas. Ainda mais porque, continuou, referindo-se a José Luis Carneiro e a Pedro Nuno Santos, "tenho uma admiração e estima por ambos e pelas suas qualidades" e "não tenho dúvidas nenhumas de que qualquer um será um excelente secretário-geral do PS". 


Sobre Daniel Adrião, que também anunciou já que pretende candidatar-se, António Costa não falou. 


Questionado sobre as investições no âmbito do caso Influencer, o primeiro-ministro continua a afirmar que não tem quaquer informação sobre o que no processo lhe diz respeito e deixa um recado público ao seu partido.


"Aquilo que cabe ao PS não é intrometere-se no tempo da justiça, mas é concontrar-se no tempo dos portugueses, e o tempo dos portugueses é o tempo que exige resposta aos problemas que estão em curso", declarou. 

(notícia atualizada com mais declarações de António Costa)

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