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Bloco: "O arco da governação foi suplantado pelo arco da constituição"

A discussão do programa de Governo prossegue esta terça-feira no Parlamento já com a rejeição como um dado adquirido. Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, abriu as hostilidades dizendo a Passos que "não seja piegas".

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"Na antecipação da rejeição [do programa de Governo] deixo ao senhor primeiro-ministro que vai deixar de o ser que diga ao seu futuro eu que não seja piegas, que saia da sua zona de conforto". O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, terminou assim a sua intervenção esta terça-feira, 10 de Novembro, no Parlamento, a primeira a reiniciar os trabalhos da discussão do programa de Governo, iniciada ontem.

Pedro Filipe Soares utilizou a expressão usada por Passos quando, em 2012, pediu aos portugueses para serem "menos piegas", por forma a ser possível criar condições para superar a crise. "A austeridade foi derrotadas nas eleições", afirmou, repetidamente, o deputado bloquista, sublinhando que "o arco que tanto embandeiram, o arco da governação, foi suplantado pelo arco da constituição, aquela contra que governaram durante quatro anos".

O acordo à esquerda voltou a estar presente no discurso, com a queda do Governo, esperada para esta tarde, tomada como um dado adquirido e Pedro Filipe Soares a justificar a aliança entre PS, PCP e Bloco.

"Uma alternativa é desejável e bem-vinda pelo país. A democracia exprime-se pelo resultado das eleições legislativas", afirmou. "As eleições legislativas não elegem primeiro-ministro nem Governo, mas sim deputados e o PSD e o CDS perderam 25 deputados", lembrou Pedro Filipe Soares.

O líder parlamentar do BE recordou o que aconteceu em 1999 em que "o PS ganhou as eleições com 115 deputados. E o PSD fez o que está agora a acusar [a oposição] e apresentou uma moção de rejeição, dizendo que o Governo tinha sido incapaz de conseguir uma maioria de apoio".

Trata-se de "demagogia do PSD e do CDS que só lembram as tradições quando lhes convém e tem uma memória muito selectiva", acusou. E, "ao olhar para as eleições, apenas querem fazer papel de Calimero", acrescentou ainda.

"A austeridade é ideológica"

Em alusão ao que afirmou Passos coelho na sua intervenção de ontem, primeiro dia da apresentação do programa de governo, e em que o primeiro-ministro afirmou que "a austeridade nunca foi uma questão de escolha, mas sim uma necessidade", Pedro Filipe Soares contrapôs, antes, que "sabemos bem como a austeridade é ideológica, foi o programa de governo durante quatro anos e é ainda o programa de governo para os próximos quatro anos".

"Há uma Europa que não pode ser uma camisa de forças para a Constituição. Porque não há constituições de primeira ou de segunda na Europa e a constituição alemã não é mais do que a portuguesa", acrescentou o bloquista.

O deputado do PSD, Leitão Amaro, foi o primeiro a intervir depois da abertura feita por Pedro Filipe Soares. Mas a sua interpelação foi exclusivamente dirigida à líder bloquista, Catarina Martins.

Leitão Amaro elencou as condições que para Catarina Martins fariam de Portugal um país de sonho. No entanto, para o deputado do PSD esse seria "um pesadelo". Leitão Amaro garante, porém, que "isto ainda é um pesadelo evitável" e lembra que foi o anterior Governo a pegar "no país, numa situação dificílima," para depois de mandar a troika embora virem outros governar. "Talvez seja nessa conveniência que se vê a farinha do mesmo saco", acusou ainda.
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