Notícia
Bloco exige que o Governo vote contra distribuição de dividendos na Galp
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, pretende que o Governo use a sua participação na petrolífera para votar contra o pagamento de dividendos referentes a 2019 e para defender a reintegração dos precários já despedidos pela cotada.
De acordo com um artigo de opinião assinado pela coordenadora do Bloco, Catarina Martins, a que o Negócios teve acesso prévio e que será publicado no site "esquerda.net", a líder bloquista desafia o Governo chefiado por António Costa a votar contra o pagamento de dividendos na reunião de acionistas que a cotada realiza no próximo dia 24 de abril.
Catarina Martins lamenta que a proposta bloquista que visava proibir o pagamento de dividendos neste contexto de crise tenha sido chumbada por PS, PSD e restantes forças da direita parlamentar para defender que se tratou de "um erro que deve ser corrigido".
"E pode começar a ser corrigido já, na Galp", garante a líder do Bloco, recordando que apesar de o Estado não deter o controlo acionista da empresa liderada por Carlos Gomes da Silva, "estará na assembleia geral que decide sobre a distribuição de dividendos".
O Estado português detém 7,48% do capital social da petrolífera, através da Parpública.O Estado tem participação accionista na Galp. Não tem uma posição de controlo, mas estará na Assembleia que decide sobre a distribuição de dividendos. Os representantes do Estado devem votar contra a distribuição de dividendos e defender a reintegração dos precários despedidos. pic.twitter.com/l5klpdJOaJ
— Catarina Martins (@catarina_mart) April 13, 2020
A coordenadora do BE pretende ainda que o Executivo socialista utilize a posição na estrutura acionista da Galp para defender a reintegração dos trabalhadores precários entretanto despedidos pela empresa: "O que se exige é que o Governo dê instruções claras aos seus representantes para votarem contra a distribuição de dividendos. E, já agora, que defendam a reintegração dos trabalhadores precários despedidos".
O artigo de opinião firmado por Catarina Martins salienta que, só em abril, a Galp "já despediu mais de 80 trabalhadores precários, só em Sines, segundo denúncia do sindicato do setor", e conclui tratar-se da mesma empresa que agora se propõe distribuir mais de 300 milhões de euros pelos acionistas.
"A decisão sobre a distribuição de dividendos não é pouco importante. Marca a resposta à crise. Porque se é certo que há sacrifícios, é inaceitável que os trabalhadores paguem para os acionistas lucrarem com a crise", conclui a coordenadora do Bloco.
Já depois de garantir a manutenção da proposta relacionada com a distribuição de dividendos, a Galp Energia anunciou que, tendo em conta a "queda acentuada de procura e dos preços dos produtos petrolíferos", vai encetar um plano de ajustamento estratégico aos efeitos da pandemia assente num plano de corte anual de despesas e investimento operacional superior a 500 milhões de euros, em 2020 e 2021.
(Notícia atualizada)