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BE confirma "conversações" com Medina em Lisboa

O presidente eleito da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), reuniu-se na quinta-feira, a seu pedido, com uma delegação do Bloco de Esquerda, para discutir "questões programáticas" para a governação da cidade, anunciou hoje o partido.

João Miguel Rodrigues
06 de Outubro de 2017 às 15:56
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Em comunicado, o Bloco de Esquerda revela que durante o encontro "informal" se procedeu "a um levantamento exploratório das questões programáticas que importam para o governo da cidade", tendo o partido reafirmado a Fernando Medina a "disponibilidade" para uma "viragem política".

Segundo o Bloco, essa viragem deve incluir "a construção de creches municipais, o resgate da taxa de turismo, a recuperação dos transportes públicos ou a concretização de programas de habitação que protejam as famílias contra despejos abusivos e substituam a PPP [parceria público-privada] prevista por um programa de habitação integralmente público".

Participaram na reunião pelo Bloco de Esquerda o candidato do partido à presidência da Câmara de Lisboa, Ricardo Robles, eleito no domingo vereador, e Isabel Pires, que era a primeira candidata à Assembleia Municipal.

"Estas conversações continuarão nas próximas semanas", lê-se no comunicado.

O socialista Fernando Medina foi eleito no domingo presidente da Câmara de Lisboa, com 42,02% dos votos, mas perdeu a maioria absoluta na capital, ficando com menos três vereadores do que em 2013. À esquerda, o BE conseguiu um mandato e a CDU (PCP/PEV) manteve os dois que já tinha.

Na terça-feira, o também actual presidente do município - que sucedeu a António Costa em 2015 - reiterou a sua disponibilidade para procurar "acordos o mais abrangentes possíveis" para governar a capital, não revelando se já tinha encetado contactos.

O autarca admitiu mesmo atribuir pelouros aos vereadores da oposição, "caso haja essa vontade", de forma a ter "apoio para políticas" a concretizar.

No mesmo dia, o secretário-geral comunista recusou qualquer acordo pós-eleitoral na autarquia de Lisboa, embora mantendo uma postura construtiva.

"Não vai haver repetição da solução política encontrada nesta fase da vida política nacional. A única garantia que daremos é a de que continuaremos a trabalhar em maioria ou minoria para resolver os problemas de cada terra, cada concelho. Por exemplo, em Lisboa, não existirá essa possibilidade de encontrar um modelo como foi encontrado ao nível nacional", afirmou Jerónimo de Sousa.

Na quarta-feira, a coordenadora do BE, Catarina Martins, declarou-se favorável a "maiorias de transformação à esquerda" na sequência das autárquicas, dando o exemplo de Lisboa.

A líder do BE lembrou que eventuais "acordos com base programática" na capital terão de ter em conta as prioridades elencadas pelo partido na campanha eleitoral, nomeadamente em torno de creches, transportes, da taxa turística em prol da cidade "e não dos hoteleiros" e de políticas para habitação.

A duplicação da taxa turística de um para dois euros e a criação de um programa com 7.500 casas a rendas acessíveis (eliminando o programa de arrendamento de Fernando Medina, em que cabe aos privados construir ou reabilitar) foram medidas defendidas por Ricardo Robles na campanha.
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