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Aprovação da moção de confiança a Rio "não é derrota política", diz Montenegro
O antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro defendeu esta segunda-feira que uma eventual aprovação da moção de confiança do presidente do partido pelo Conselho Nacional não representaria uma derrota política sua, uma vez que defendia diretas.
Numa curta entrevista ao Jornal das 8, na TVI, Luís Montenegro defendeu que o PSD tem de representar, no mínimo, 30% da sociedade portuguesa em eleições, manifestou-se contra a diminuição das 40 para as 35 horas na função pública e criticou "a forma intransigente" como os professores têm reclamado a recuperação integral do tempo de serviço.
Questionado sobre o 'timing' do anúncio da sua disponibilidade para disputar eleições internas, Montenegro afirmou que se o processo for lançado agora há condições para o PSD "ter um novo líder em março", dois meses antes das europeias, e meio ano antes das legislativas.
O antigo líder parlamentar do PSD reiterou, como já tinha dito hoje à tarde após a audiência com o Presidente da República, que não vai a votos no Conselho Nacional da próxima quinta-feira, no qual será discutida e votada uma moção de confiança à direção, proposta pelo presidente, Rui Rio.
"Eu não vou a votos no Conselho Nacional: não fui eu que promovi a moção de confiança -- nem podia -- e também não fui eu que promovi a tentativa de moção de censura, que também não podia porque não sou conselheiro", disse.
Questionado se uma aprovação da moção de confiança significará uma derrota política, Luís Montenegro respondeu negativamente.
"Não é a minha derrota política. É a opção do dr. Rui Rio de não ouvir os militantes e ouvir um órgão no qual à partida - pelo menos é o que ele pensa - tem mais vantagem", declarou.
Se for esse o caminho, Montenegro diz que irá respeitar a decisão dos conselheiros e estará disponível para "ajudar a combater o PS e o dr. António Costa", mas não a dar a cara por uma estratégia com a qual não concorda.
Interrogado se está pouco confiante para a reunião de quinta-feira, Montenegro voltou a distanciar-se da opção de Rio pelo Conselho Nacional em vez de diretas, fazendo, ainda assim, um apelo aos conselheiros.
"O que os conselheiros nacionais devem atender é ao seguinte: neste momento, há um líder e uma pessoa que se predispôs a disputar essa liderança e esta disponibilidade deve ser encarada de forma mais natural e tranquila do que tem sido nos últimos dias", defendeu.
Sobre o que faria diferente de Rui Rio à frente do PSD, Luís Montenegro apontou a unidade do partido, a atitude em relação ao PS e "prioridades políticas claras", entre as quais apontou o alívio da carga fiscal da classe média.
Luís Montenegro manifestou-se contra a reversão feita pelo Governo das 40 horas de trabalho semanais para a função pública e disse ter "muitas dúvidas" sobre as reivindicações dos professores, tal como têm sido mantidas "de forma intransigente".
"Já percebemos que não há condições financeiras para acolher a reivindicação dos professores, mas deve ser aplicado um mecanismo de atualização nas carreiras equivalente ao do resto da administração pública", considerou.
Luís Montenegro escusou-se a divulgar o que conversou hoje com Marcelo Rebelo de Sousa, mas fez questão de lembrar o fundador do partido Francisco Sá Carneiro, que foi evocado por Rui Rio na resposta ao antigo líder parlamentar do PSD.
"Muita gente tem evocado Sá Carneiro. Olhando para o que foi a história e a intervenção de Sá Carneiro, não tenho a minha dúvida de que, se estivesse na minha posição faria o mesmo e se estivesse na posição de Rui Rio teria aceitado o desafio e marcado eleições diretas", afirmou.
O Conselho Nacional do PSD reúne-se extraordinariamente na quinta-feira, no Porto, às 17:00, para discutir e votar a moção de confiança à direção de Rui Rio.
O artigo 68.º dos estatutos do PSD determina que "as moções de confiança são apresentadas pelas Comissões Políticas e a sua rejeição implica a demissão do órgão apresentante".
A reunião surge depois de o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro ter pedido a convocação de eleições diretas antecipadas e de Rui Rio ter rejeitado o repto e decidido submeter a direção a um voto de confiança do Conselho Nacional.