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António Costa: "Se formos mais longe no IRS temos de subir outros impostos"
Em entrevista ao Correio da Manhã, o primeiro-ministro sustenta que o Orçamento do Estado é um "puzzle" onde todas as peças têm de encaixar. Sobre os ministros mais fragilizados, garante que não prepara nenhuma remodelação.
A cerca de duas semanas da apresentação do Orçamento do Estado para 2018, António Costa continua a não levantar o véu sobre as principais alterações do documento. Em entrevista ao Correio da Manhã, não diz se as pensões vão subir para lá da inflação, ou se admite ir mais longe na descida do IRS, como reclamam quer o Bloco de Esquerda quer o PCP.
Quando questionado sobre a possibilidade de vir a desdobrar também o terceiro escalão de IRS, o primeiro-ministro responde que "a prioridade é melhorar a justiça fiscal pelo desdobramento dos escalões de menor rendimento. Se formos mais longe na diminuição da receita de IRS, ou aumentamos outros impostos, ou subimos menos a despesa". Ou seja, para o Governo aceitar ir mais longe, os parceiros à sua esquerda têm de abdicar de outras reivindicações.
Sobre as pensões, também não é taxativo. É certo que as pensões serão actualizadas no próximo ano, por força de uma fórmula de actualização automática que está em vigor, mas o PCP quer o BE reclamam que se vá além disto e que, à semelhança do que aconteceu este ano, os reformados possam ter um "bónus" na remuneração. O primeiro-ministro, contudo, fecha-se em copas dizendo apenas que "posso assegurar que haverá actualização de pensões".
Ministro da defesa "não é responsável pela má qualidade do rancho que é servido"
Questionado sobre a falta de responsabilização política do ministro da Defesa e a ministra da Administração Interna, António Costa diz que demiti-los não teria qualquer efeito prático, antes pelo contrário. E garante que "não preparo nenhuma remodelação".
Para o primeiro-ministro, o roubo do material em Tancos é um caso que está a ser "empolado visando a destituição do chefe do Estado-maior do Exercito e para condicionar a actuação do ministro tendo em vista a gestão das chefias militares".
Para António Costa, "o Ministro da defesa "não é responsável pela má qualidade do rancho que é servido, nem por haver uma falha de segurança de um paiol". Aliás, António Costa lança uma interrogação que o tem intrigado: "Havia armamento mais valioso, mais perigoso e mais útil. E esse não desapareceu".
Sobre Constança Urbano de Sousa, a linha de argumentação é a mesma: "Tinha sido fácil eu ter demitido a ministra, teria sido fácil para a ministra ter demitido o comandante nacional, teria sido muito fácil para o comandante nacional ter demitido o segundo comandante. Mas teria sido sério?".