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A Saúde, os estadistas e os políticos vistos pelo regulador

O SNS está melhor ou pior depois da crise? E Paulo Macedo, fez uma boa gestão? Em fase de final de mandato, o presidente da Entidade Reguladora da Saúde diz que falta uma estratégia de longo prazo na Saúde, mas que, para já, é urgente recuperar a confiança dos profissionais.

Negócios 02 de Julho de 2015 às 10:40
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Cidadãos mais mal nutridos, com problemas mais complexos de saúde mental, e taxas moderadoras desajustadas á realidade socio-económica do País. Profissionais desmotivados e abalados. Uma gestão política que, em tudo excepto na área do medicamento, se limitou a fazer uma "gestão corrente" do sector. É este o diagnóstico traçado por Jorge Simões, presidente da Entidade Reguladora da Saúde, após quatro anos de programa de ajustamentos e de cortes no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

 

Em entrevista ao jornal Público, publicada na edição desta quinta-feira, Jorge Simões diz que "o impacto da crise só se vai notar daqui a vários anos". Mas, nos cidadãos, já se manifesta ao nível dos seus comportamentos. "Estamos mais pobres, as pessoas estão mais mal nutridas, têm problemas mais complexos de saúde mental. Tudo isto tem implicações".

 

E este Governo, foi bom ou mau? "Não área do medicamento conseguiram-se ganhos significativos, em tudo o resto foi uma gestão corrente", considera Jorge Simões.

 

O responsável lembra a velha distinção entre políticos e estadistas, em que os primeiros trabalham para os quatro anos e os segundos para o longo prazo. Entre os estadistas estiveram Albino Aroso (secretário de Estado de um governo PSD) e Correia de Campos (ex-secretário de Estado de José Sócrates), mas não o actual ministro Paulo Macedo.

 

Em final de mandato, o presidente da ERS diz que "o próximo desafio que se coloca ao próximo Governo é não pensar apenas para uma legislatura. Quem chega à decisão política tem de ter muito conhecimento e ideias arrumadas". E, quando questionado se o actual ministro, Paulo Macedo, cumpria estes requisitos, limita-se a dizer que não faz comentários.

"No curto prazo, o que é necessário é reganhar a confiança das pessoas e dos profissionais do SNS que estão abalados. Os profissionais estão desmotivados e necessitam de uma palavra de conforto". No médio e longo prazo é preciso ter uma estratégia, porque "não é com uma medida ou duas ou três que os problemas se resolvem".

 

Jorge Simões afasta aumentos de impostos para financiar o SNS, porque há ainda muita desburocratização e combate às ineficiências por fazer. Será também preciso rever a oferta de cuidados, porque "hoje não temos ilusões de querermos ter tudo ao virar da esquina".

 

Jorge Simões diz ainda que não acha justo que as pessoas tenham de pagar transporte do seu bolso para chegarem a unidades do SNS, e duvida que alguém com 628 euros de rendimento por mês, ou pouco mais do que isso, deva ter de pagar taxas moderadoras.

Sobre o futuro, "a única certeza que temos é que vão ser [tempos] difíceis".  

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