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Esperança de vida é maior para quem tem maior escolaridade e rendimento

Esperança de vida aumentou dois anos, mas é mais alta entre pessoas com maior nível de escolaridade e melhores rendimentos. Com a progressão da idade, a diferença social e de género deixa de ter um peso significativo.

Miguel Baltazar
07 de Julho de 2015 às 18:39
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Foi apresentado esta segunda-feira o relatório da Direcção-Geral da Saúde, um estudo que traça o perfil de saúde dos portugueses, mas que deixa de fora a análise dos recursos humanos e orçamentais.

Em linhas gerais, o relatório mostra uma melhoria dos indicadores de saúde. No entanto, há uma preocupação generalizada com alguns indicadores, nomeadamente na morte prematura, que se crê que pode ser evitada em 25% e nos hábitos alimentares inadequados, que são a maior causa da diminuição dos anos de vida saudáveis. Por isso, o principal objectivo do Plano Nacional de Saúde 2020 concentrar-se-á na redução dos casos de morte prematura, isto é, antes dos 70 anos. "No fundo, o que queremos é adiar o final da vida, com saúde, e coloca-lo para além dos 70 anos", afirma Francisco George (na foto), director-geral da Saúde.

Paralelamente, o responsável alerta que hábitos alimentares e estilos de vida menos saudáveis, que são um denominador comum a grande parte de todas as doenças crónicas não transmissíveis, representam 85% das causas de morbilidade.

Os factores de risco que mais contribuem para o total de anos de vida saudável perdidos pela população portuguesa dividem-se entre os hábitos alimentares inadequados (19%), hipertensão arterial (17%), índice de massa corporal elevado (13%), e o tabagismo (11%).

Em Portugal o consumo diário de alimentos com teores excessivos de sal constitui um dos principais problemas de Saúde Pública. Estudos recentes estimam que a ingestão diária de sal (10,7 gramas) é praticamente o dobro da recomendação da Organização Mundial de Saúde, inferior a 5 gramas, o que contribui para o aumento de casos de hipertensão arterial, com risco de doenças do aparelho circulatório, a primeira causa de morte em Portugal.

"Metade da população tem hipertensão e são muito poucos os que são controlados. Mas essa questão combate-se com o sal. De uma vez por todas é preciso que os portugueses substituam o sal por ervas aromáticas", frisou o director-geral da Saúde.

Quanto à mortalidade geral, em 2013, em Portugal, a principal causa de morte foram doenças do aparelho circulatório (30%). Segue-se os casos de tumores malignos (24%), que continuam a crescer e as doenças do aparelho respiratório (12%), ligadas aos níveis de tabagismo, que ainda assim registaram uma diminuição de 2007 para 2013. No mesmo período, as principais causas de mortalidade prematura devem-se a tumores malignos (41%), doenças do aparelho circulatório (16%), causas externas de lesão e envenenamento (9%) e doenças do aparelho digestivo (6%).

Apesar disso, durante a última década registou-se um aumento de dois anos da esperança de vida, que acompanha uma diminuição da diferença entre o sexo feminino e masculino. Para o ministro da Saúde, os resultados são "extremamente positivos" e têm de se medir a longo prazo, e acredita que "há aqui muito para analisar". O ministro abordou ainda o risco da queda de natalidade, sublinhando, mais do que uma vez, estar "convencido de que não continuará".

O relatório destaca ainda a influência de condicionantes de factor social, sobretudo no rendimento das famílias, na esperança média de vida. "Os rendimentos, tal como o nível de escolaridade influenciam, num ou outro sentido, a esperança média de vida. Ninguém aqui vai dizer que um pobre vive da mesma maneira que uma família próspera", admite Francisco George. Assim, quanto maior é o nível educacional, maior é a esperança média de vida.

Aos 45 anos, é expectável que pessoas com nível de escolaridade alto (ensino superior) vivam mais dois anos do que pessoas com escolaridade até ao 3.º ciclo do ensino básico. "Há uma tendência de estabilidade em função dos rendimentos", afirma o director-geral da Saúde, acrescentando que é importante "não deixar de admitir os efeitos da crise económica e social a médio prazo". Estes mesmos indicativos perdem peso quando aplicados a pessoas com mais de 75 anos. Sobre a influência dos rendimentos na esperança de vida, o mesmo pede um estudo sociológico específico que estude o fenómeno. Já o ministro da Saúde acredita que os números da relação entre a escolaridade e a esperança de vida baseiam-se no maior "conhecimento de comportamentos de risco".

Ao contrário de Francisco George, que acredita que os resultados positivos apresentados no relatório são "fruto da resiliência das famílias portuguesas", Macedo sublinha que os indicadores são maioritariamente obtidos "pelos políticos e por quem dirige as instituições". Da mesma maneira, resultados menos positivos implicariam "uma quota-parte de responsabilidade". Esse investimento é facilitado pelas "ideias muito claras" analisadas no relatório. Para Francisco George, "o mérito é de todos os actores que intervêm, sobretudo os portugueses, os médicos, dirigentes e em termos genéricos das políticas que são adoptadas."

Sobre a questão do investimento na Saúde, o ministro recordou as reacções que as suas declarações sobre um futuro aumento da despesa de Saúde e a forma de financiamento que será utilizada. "Estamos de acordo no investimento, mas não no financiamento", acusou Macedo.

Também presente na apresentação esteve Fernando Leal da Costa, secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, que louvou o comportamento dos portugueses. "Souberam aguentar-se em torno do que é importante", mesmo quando "em 2011 parecia que poderíamos assistir a um agravamento de vários indicadores de saúde", disse.

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