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Weidamnn aquece debate sobre inflação antes de reunião do BCE. "Não podemos ignorar subida"

O líder do Bundesbank disse que a atual política monetária acomodatícia continuava "apropriada", para já, mas o BCE não podia ignorar o aumento da inflação acima do previsto.

Gonçalo Almeida goncaloalmeida@negocios.pt 01 de Setembro de 2021 às 13:41
A uma semana de um novo encontro do Banco Central Europeu (BCE), as vozes mais conservadoras no seio da instituição estão a levantar-se, depois de ontem os dados da inflação referentes a agosto terem mostrado a maior subida deste indicador em quase uma década, bem acima da meta definida.

Hoje foi a vez de Jens Weidmann, líder do banco central da Alemanha, que, apesar de considerar o atual quadro acomodatício do BCE apropriado, alerta que a autoridade bancária não pode ignorar a subida de preços acima daquilo que era previsto. 

"Temos de olhar os riscos para as previsões dos preços. Na minha opinião, os riscos permanecem", diz o governador do Bundesbank, numa conferência na Alemanha. "A política monetária acomodatícia continua a ser apropriada. Mas não podemos ignorar o risco da inflação demasiado alta".

A taxa de inflação homóloga do índice harmonizado de preços da Zona Euro atingiu 3% em agosto, indicou a primeira estimativa do Eurostat. É preciso recuar quase dez anos, a novembro de 2011 para encontrar um valor idêntico. A energia continua a puxar pelos preços: os bens energéticos registaram um aumento de 15,4%, acima dos 14,3% de julho.

Este valor, muito acima da meta de 2% definida pelo BCE para o médio prazo, fez emergir membros mais conservadores da autoridade bancária. O discurso de hoje de Weidmann, juntou-se ao de Robert Holzmann, membro do quadro de governadores, ontem. O austríaco disse à Bloomberg que o BCE deveria começar a pensar em retirar os apoios que criou para combater os efeitos da pandemia, dando prioridade à meta da inflação.

A subida tem sido considerada temporária pelo banco liderado por Christine Lagarde, que associa o movimento à retoma da atividade económica e à escassez de alguns bens específicos, nomeadamente fornecimentos industriais.

"Pombas" ignoram subida
Mas se os membros mais conversadores estão a manifestar-se de forma preocupada com os dados da inflação, outros, que por norma apoiam políticas mais "dovish" (acomodatícia) desvalorizaram os números. Foi o caso de Yannis Stournaras, governador do banco da Grécia, que disse que o BCE não devia olhar para a subida de preços com uma preocupação que não merece.

O BCE tem reunião marcada para os próximos dias 8 e 9 de setembro, onde serão feitas as habituais projeções macroeconómicas.



De acordo com as expectativas dos analistas, é pouco provável que o debate sobre uma retirada de estímulos ganha proporções como acontece no banco central dos EUA, onde a economia está a recuperar com mais força e a inflação a galopar acima dos 5%.

Atualmente, o BCE tem o programa de compras de ativos que criou para ofuscar os efeitos da pandemia (PEPP) a disparar a um ritmo equilibrado, devendo ficar sem balas em março de 2022, altura em que se prevê que a ajuda termine - apesar de continuar por mais uns meses, até ao final de 2023, devido ao período de reinvestimento. O montante total deste apoio é de 1,85 biliões de euros.

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