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Weidamnn deixa o Bundesbank no final do ano por "razões pessoais"

O atual líder do banco central alemão vai resignar ao cargo no final do presente ano. Está no cargo desde maio de 2011.

Reuters
20 de Outubro de 2021 às 10:12
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Uma década depois de se ter sentado à frente do maior banco central na Zona Euro, em Frankfurt, Jens Weidmann vai deixar de ser o "comandante" do alemão Bundesbank, no próximo dia 31 de dezembro. O anúncio foi feito pelo próprio, através de uma carta enviada aos restantes membros da instituição, alegando "razões pessoais".  

"Cheguei à conclusão que mais de dez anos são uma bom indicador de tempo para abrir um novo capítulo - para o Bundesbank, mas também para mim, pessoalmente", pode ler-se no documento enviado pelo economista de 53 anos - o governador de um banco central na região que está há mais tempo no cargo - ao resto da comitiva germânica.

O líder do banco central alemão sai do cargo menos de dois anos depois de ter alargado o seu mandato por mais oito anos - ficam assim cinco por completar -, e numa altura em que o governo germânico está a ser desenhado a três mãos após as eleições. 

Weidmann fez notar que "o ambiente em que nós operamos mudou massivamente e as responsabilidades do Bundesbank cresceram. A crise financeira, a crise de dívida soberana e mais recentemente a pandemia conduziram a decisões na política e na política monetária que vão ter efeitos duradouros. Tem sido importante para mim que a voz clara e orientada para a estabilidade do Bundesbank se mantenha claramente audível".

Olhando para o futuro, o ainda governador diz que vai depender de como a atual estratégia for adotada através de concretas decisões de política monetária. "Neste contexto, vai ser crucial (...) "não olhar exclusivamente para os riscos deflacionários, mas também não perder de vista os perigos inflacionários. Uma política monetária orientada para a estabilidade só será possível no longo prazo se o quadro regulamentar da União continuar a garantir a unidade de ação e responsabilidade".

"A política monetária respeitará o seu mandato restrito e não será apanhada pela onda da política orçamental ou dos mercados financeiros. Esta continua a ser a minha firme convicção pessoal, tal como a grande importância da independência da política monetária", afirma.

Weidmann trabalhou como conselheiro de Angela Merkel, antes de assumir o cargo de governador, em 2011. Agora, a sua saída de cena acontece ao mesmo tempo que a ex-chanceler alemã. 

Menos um falcão no BCE?
Weidmann, que se candidatou à presidência do BCE mas acabou a perder para Christine Lagarde, assume-me como um dos membros do Banco Central Europeu (BCE) mais "hawkish" - conservador, adepto de limites mais rígidos na política monetária - e também como um dos mais críticos dos estímulos monetários que foram trazidos pela liderança do italiano Mario Draghi. 

Para os analistas do ING, esta saída acontece "numa altura crucial para o BCE. O campo dos 'falcões' está a perder uma voz importante".


Durante vários anos, as bases da autoridade bancária máxima na região foi desenhadas com este conservadorismo. A partir do momento em que Mario Draghi, o antigo presidente do BCE, se comprometeu a fazer tudo para salvar o euro, o esquema da política monetária foi-se alterando, principalmente com a criação do programa de compra de ativos criado durante o seu mandato.

O BCE implementou um programa de quantitative easing (QE) entre 2015 e 2018 e reativou o programa de compra de ativos este ano, prevendo gastar 300 mil milhões de euros este ano. Além disso criou o PEPP para responder aos efeitos da pandemia na economia, com um poder de fogo de 750 mil milhões de euros - entretanto aumentato para 1,85 biliões de euros.

Com esta saída, Jens Weidmann mantém aquela que parece ser tradição entre os banqueiros centrais germânicos, que deixam o cargo antes do final do mandato. O mesmo aconteceu com os seus dois antecessores, Axel Weber e Ernst Welteke, ou mesmo com os membros do BCE, Jürgen Stark, Jörg Asmussen e Sabine Lautenschläger.

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