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"Sem espaço para complacência", BCE deve manter-se restritivo "durante algum tempo"

Os membros do conselho do BCE acreditam que é preciso "cautela, uma vez que a inflação deve acelerar a curto prazo e há incerteza sobre os salários e a dinâmica da inflação subjacente".

Reuters
Fábio Carvalho da Silva fabiosilva@negocios.pt 18 de Janeiro de 2024 às 13:13
O conselho do BCE "não vai baixar a guarda". A ideia defendida pela presidente do banco central na conferência de imprensa, após a reunião de política monetária de dezembro, foi o mantra que dominou o último encontro – em que a autoridade monetária decidiu manter as taxas de juro diretoras inalteradas.

Durante esta reunião "foi sublinhado que não há espaço para complacência e que não é altura para o conselho do BCE baixar a guarda", pode ler-se nos relatos da reunião, que foram divulgados esta quinta-feira pelo banco central.

Os membros do conselho do BCE acreditam, assim, que é preciso "cautela, uma vez que a inflação deve acelerar a curto prazo e há incerteza sobre os salários e a dinâmica da inflação subjacente".

Esta neblina é sinónimo de "que ainda é muito cedo para ter certeza de que a tarefa [do BCE] está cumprida", frisa o documento

Assim, "percebeu-se a necessidade de vigilância e paciência contínua e a manutenção de uma política restritiva durante algum tempo", acrescentam os relatos. 

Os relatos dão ainda conta que todos os membros do conselho do BCE concordaram unanimemente em manter as três taxas de juro diretoras inalteradas. Atualmente, a taxa de depósitos está fixada no seu máximo de sempre de 4%, a aplicável às operações principais de refinanciamento em 4,5% e a de cedência de liquidez em 4,75%.

Divergência sobre como diminuir dívida comprada na pandemia

O BCE vai começar, este ano, a abandonar a dívida da Zona Euro que comprou durante a pandemia para ajudar os países a enfrentarem os impactos económicos da covid-19. A estratégia de desinvestimento vai começar no segundo semestre do ano.

A proposta concreta foi apresentada pelo economista-chefe do BCE, Philipe Lane, durante o encontro, tendo "a maioria membros do conselho concordado com a proposta de avançar com a normalização do balanço a um ritmo médio e previsível".

A discussão instalou-se sobre o momento em que a autoridade monetária deve deixar de reinvestir os montantes dos títulos que têm atingido as maturidades, já que alguns membros preferiam que este processo "começasse mais cedo e de forma gradual" - a proposta vencedora no final do encontro - enquanto "outros membros argumentaram que os reinvestimentos deveriam continuar até ao fim de 2024". 

Em março de 2020, o BCE deu início ao programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (PEPP, na sigla em inglês), que classificou como um mecanismo de proteção da transmissão de política monetária durante a pandemia de covid-19. O envelope para comprar dívida pública e privada arrancou com 750 mil milhões de euros, tendo sido adicionados 600 mil milhões de euros em junho de 2020 e mais 500 mil milhões em dezembro, levando o total para 1,85 biliões de euros.

Mesmo não estando já a fazer compras líquidas de títulos, o BCE continuou a reinvestir os montantes dos títulos que têm atingido as maturidades. E é isso que deixará de fazer. O conselho de governadores decidiu que, no segundo semestre de 2024, vai reduzir a carteira do PEPP, em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês. No fim do ano, vai descontinuar os reinvestimentos no âmbito do PEPP.


(Notícia atualizada às 13:27 horas).
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