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Corte de juros na Zona Euro só no verão. E é preciso “cautela”
A presidente do Banco Central Europeu avisou que as apostas num corte significativo de juros são arriscadas, o que, a par da divulgação de novos dados económicos na China, penalizou o sentimento dos investidores.
O Banco Central Europeu (BCE) só deverá cortar as taxas de juro de referência no verão. Em entrevista à Bloomberg a partir de Davos, a presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde, foi questionada sobre se existirá um apoio maioritário a essa decisão, tendo em conta que vários responsáveis políticos sinalizaram essa data. “Eu diria que é provável também”, respondeu.
Além do calendário (parte do mercado ainda esperava que acontecesse no primeiro semestre), a incerteza da líder do BCE também pesou no sentimento dos investidores. “Mas tenho de ser cautelosa porque também estamos a dizer que dependemos da informação e ainda há um nível de incerteza, alguns indicadores não estão no nível em que gostaríamos de os ver”, afirmou.
Embora tenha reconhecido que se está a formar um consenso no BCE para baixar juros, Lagarde também avisou que as apostas num corte significativo são arriscadas. “Não ajuda no nosso combate à inflação, se houver tanta antecipação”, disse.
As declarações da presidente do banco central juntaram-se a um batalhão de dados económicos que foram conhecidos ao longo da madrugada na China e que lançaram uma onda negativa sobre os mercados financeiros, com ações a desvalorizarem e juros das dívidas a agravarem-se.
As principais bolsas europeias encerraram em forte queda, com o índice pan-europeu Stoxx 600 a recuar 1,13%, para 467,71 pontos, pressionado por setores mais expostos à China, nomeadamente o luxo – a Louis Vuitton perdeu 2,84% –, o automóvel e o mineiro.
O alemão DAX 30 cedeu 0,84%, enquanto o parisiense CAC 40 caiu 1,07% e o italiano FTSE Mib perdeu 0,79%. O espanhol IBEX 35 recuou 1,26% e o londrino FTSE 100 caiu 1,48%. Já em Lisboa, o PSI retrocedeu 1,44%.
“Depois de os mercados terem incorporado uma aterragem suave nos preços nas últimas semanas, os bancos centrais deixaram claro que ainda está nos planos que os juros se mantenham elevados durante algum tempo, o que agravou os juros e pressionou o preço das ações”, explicou Ulrich Urbahn, responsável pelo departamento de estratégia e “research” ativos da Berenberg à Bloomberg.
Com esta aposta no custo do dinheiro elevado por mais tempo, as dívidas soberanas da Zona Euro viram um agravamento generalizado dos juros. A “yield” da dívida portuguesa a dez anos aumentou 8 pontos base para 3,13% e a das Bunds alemãs com o mesmo prazo subiu 5,7 pontos para 2,313%.
A rendibilidade da dívida pública italiana subiu 8,8 pontos base para 3,909%, a da dívida francesa cresceu 6,4 pontos para 2,812% e a da dívida espanhola agravou-se 7,3 pontos para 3,242% .
Presidente do Banco Central Europeu (BCE)