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O que é que os principais bancos centrais vão fazer em 2020

2019 foi o ano em que os bancos centrais regressaram ao campo de batalha, cortando os juros para contornar a desaceleração causada pela guerra comercial e o subsequente declínio da atividade industrial.

EPA
26 de Dezembro de 2019 às 15:00
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Algumas instituições, como a Reserva Federal, aumentaram os juros antes de 2019, criando espaço para o afrouxamento num ambiente de crescimento mais fraco desde a crise financeira. Mas outras, como o Banco Central Europeu, viram-se numa posição mais difícil e tiveram que empurrar as taxas ainda mais para terreno negativo, alimentando críticas sobre os juros abaixo de zero.

 

O ano de 2020 talvez seja mais calmo para a política monetária. A área orçamental pode se ocupar de parte do trabalho, e as perspetivas de crescimento estão um pouco melhores.

No entanto, os dados económicos são mais duvidosos do que positivos. Em suma, a política monetária ainda se inclina para o lado "dovish". Enquanto os grandes bancos centrais apontam para a manutenção dos juros, outros, especialmente nos mercados emergentes, devem cortar as taxas novamente.

 

Confira a revisão trimestral da Bloomberg Economics para alguns bancos centrais.

 

Reserva Federal

  • Taxa de juro atual (limite superior): 1,75%
  • Previsão para fim de 2020: 1,75%

O presidente da Fed, Jerome Powell, não deixou dúvidas de que as taxas de juros estão em manutenção prolongada, ao dizer a 11 de dezembro que a postura atual "provavelmente continuará apropriada", a menos que a perspetiva favorável da Fed para a economia sofra uma reavaliação significativa. As declarações seguiram a decisão de manter as taxas de juro estáveis ??num intervalo de 1,5% a 1,75%, após três cortes consecutivos. As projeções da Fed mostram que 13 dos 17 membros não esperam mudanças nas taxas até 2020. Isto manteria a Fed à margem durante as eleições presidenciais marcadas para o próximo ano.

 

Banco Central Europeu

  • Taxa de depósitos atual: -0,5%
  • Previsão para fim de 2020: -0,5%

O BCE prometeu intensificar os estímulos novamente se necessário, mas as autoridades sinalizaram publicamente que favorecem uma pausa depois de Mario Dragh ter aprovado um pacote polémico em setembro para ajudar a economia da Zona Euro.

 

Economistas e investidores esperam que as taxas permaneçam inalteradas, e a flexibilização quantitativa continue durante todo o ano de 2020 e além. Mas o banco central ainda poderá ser testado novamente se a economia vacilar sob incertezas no campo comercial ou se a desaceleração do setor industrial do bloco se espalhar para o segmento de serviços.

 

Banco do Japão

  • Taxa de juro atual: -0,1%
  • Previsão para fim de 2020: -0,1%

As perspetivas para o Banco do Japão em 2020 estão um pouco melhores após um pacote de gastos do governo para impulsionar o crescimento e alguns sinais de aceleração da economia global. Este cenário deve manter o banco central japonês em modo de espera por enquanto. Com a taxa de juro já em território negativo e ativos no balanço patrimonial que valem mais do que a economia do país, os obstáculos para agir novamente são muitos, apesar do viés de afrouxamento.

 

Banco da Inglaterra

  • Taxa de juro atual: 0,75%
  • Previsão para fim de 2020: 0,75%

O Banco da Inglaterra finalmente terá um novo presidente em 2020, encerrando uma procura muitas vezes caótica para o sucessor de Mark Carney.

 

A vitória decisiva de Boris Johnson nas eleições de dezembro abriu caminho para que o seu governo retire o país da União Europeia a 31 de janeiro. Andrew Bailey, que comanda a principal agência reguladora do Reino Unido, assume o comando do BOE a 16 de março com o desafio de enfrentar uma desaceleração global e escassez persistente de investimentos. O mais preocupante é que o novo prazo para o Brexit já está próximo, e o Reino Unido precisa de garantir um acordo comercial com a UE até o fim do próximo ano, a menos que Johnson peça uma extensão.

 

Banco Popular da China

  • Melhor taxa de empréstimos a 1 ano atual: 4,35%
  • Taxa de recompra reversa de 7 dias atual: 2,50%
  • Previsão para fim de 2020: 4,35%; 2,35%

 

Os analistas que previam o início da flexibilização monetária em larga escala pelo Banco Popular da China em 2019 ficaram desapontados, e o governador Yi Gang indicou que pretende seguir o caminho modesto e focado em estímulos em 2020. Dito isto, se a segunda maior economia do mundo piorar, os economistas esperam que o banco central continue a injetar dinheiro no sistema, como tem sido o método preferido para sustentar a economia este ano.

 

Banco Central do Brasil

  • Taxa de juro atual: 4,5%
  • Previsão para fim de 2020: 4,5%

O Banco Central do Brasil fecha um ciclo de afrouxamento monetário que levou a taxa de juro de referência a um mínimo histórico de 4,5%. Embora investidores ainda estejam a debater se a taxa pode cair outros 25 pontos base, estão de acordo que a taxa de juro deve permanecer próxima do nível atual até ao fim de 2020.

 

O período sem precedentes de cortes de juros é suportado pelo facto de as expectativas de inflação permaneceram dentro da meta oficial nos próximos dois anos. A economia também ganha força depois de quase três anos de desempenho dececionante, mas a recuperação continua gradual.

 

(Texto original: Our Guide to What the World’s Top Central Banks Will Do Next Year)

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