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Mercado acredita que taxas de juro do BCE podem subir já este ano
Apesar de Christine Lagarde ter mantido a posição de não subir já os juros diretores, há casas de investimento a apontar para a subida das taxas de juro e o fim dos programas de compra de ativos já este ano.
O conselho do Banco Central Europeu (BCE) pode "puxar o gatilho" das taxas de juro ainda durante este ano. A previsão é apontada por investidores e analistas contactados pela Bloomberg.
Apesar de, no final da reunião desta semana, a presidente do BCE, Christine Lagarde, ter reafirmado a posição da instituição de não subir para já as taxas de juro - ao contrário do que disse a Reserva Federal norte-americana (Fed) e do que fez o Banco de Inglaterra -, reduzindo apenas paulatinamente os programas de compra de ativos, os mercados acreditam que o banco central ainda vai mudar de ideias até ao fim de 2022.
Os analistas e investidores contactados pela Bloomberg acreditam que a taxa de depósitos irá subir 50 pontos base para 0%, entrando assim em território positivo (contra os -0,50% em que se encontra neste momento). Os analistas do Goldman Sachs e Deutsche Bank apontam no entanto para um aumento mais ligeiro, na ordem dos 25 pontos base.
Recorde-se que o BCE deixou ontem os juros inalterados em 0% para as operações principais de refinanciamento, em 0,25% para a facilidade permanente de cedência de liquidez e em -0,5% para a facilidade permanente de depósito.
"A reunião desta quinta-feira deu sinais de que o BCE está cada vez menos tolerante para com a subida da inflação. A subida das taxas de juro está para breve", defendeu o banco liderado por David Solomon numa nota de "research", citada pela Bloomberg.
Já o JPMorgan e BNP Paribas acreditam que Lagarde só irá subir as taxas de juro em 2023. O primeiro banco de investimento aponta para um aumento de 75 pontos base ao longo desse ano, enquanto o BNP Paribas se fica pelos 50 pontos base em igual período. O Bank of America é o único que espera até 2024 para que haja uma mudança na política monetária do BCE.
Por fim, o outlook da Bloomberg Economics (independente face ao inquérito promovido pela agência norte-americana) prevê que as taxas de juro devem subir "já em dezembro de 2022". "O BCE parece estar pronto para mudar o rumo da sua política monetária em março", acrescentam os analistas David Powell e Primo Maeva.
Recorde-se que é em março que a Reserva Federal norte-americana pondera subir os juros directores, tendo o regulador indicado que poderia elevar a sua principal taxa pelo menos três vezes este ano. No entanto, há observadores de mercado que já apontam para a possibilidade de quatro ou mesmo cinco subidas.
No que toca aos programas de compra de ativos, o Goldman Sachs e o Deutsche Bank dão sinais de que acabarão em junho deste ano. Já o Commerzbank arrasta a estimativa para setembro.
"A situação mudou de facto"
Esta quinta-feira, Lagarde reconheceu que "a situação mudou de facto", em particular no que diz respeito aos riscos de ter uma inflação mais elevada do que o inicialmente esperado. "A inflação pode muito bem ser muito mais elevada ao longo do ano e mais elevada no final do ano", admitiu.
Ainda assim, sublinhou várias vezes a estratégia já definida pelo BCE no que diz respeito à subida dos juros, mantendo a ordem que tem vindo a ser anunciada: os juros só subirão depois de terminados os programas de compra de ativos.