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Membros da Fed hesitaram na subida dos juros
Apesar da decisão unânime de subir os juros, os responsáveis da Fed não estavam completamente certos da decisão. A inflação está ainda longo do objectivo de 2% e há riscos que poderão concretizar-se. Contudo, o banco central não podia esperar mais.
Mesmo a fechar o ano, a Reserva Federal dos EUA (Fed) decidiu subir a taxa de juro de referência, que estava no mínimo histórico entre 0% e 0,25%. Foi então fixada entre 0,25% e 0,50%, numa decisão há muito aguardada pelos investidores. Mas estes arriscavam ter de continuar à espera. É que alguns membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) revelaram hesitação na decisão. Apesar do desemprego estar já no objectivo e a inflação para lá caminhar, há riscos que podem deitar tudo a perder.
"Quase todos os participantes [da reunião] concordaram que as melhorias ocorridas no mercado laboral e que a sua confiança no regresso da inflação a 2% satisfazem, agora, os critérios do Comité para iniciar o processo de normalização monetária", revelam as minutas do encontro decorrido a 15 e 16 de Dezembro, divulgadas esta quarta-feira, 6 de Janeiro. Já a decisão de avançar para a primeira subida dos juros em quase uma década foi unânime.
Contudo, "alguns membros disseram que a sua decisão de subir os juros foi por um triz". O problema está na "incerteza acerca das dinâmicas da inflação", devido à possível maior valorização do dólar e à "persistente debilidade nos preços das matérias-primas". Ainda assim, salientam as minutas, "quase todos os participantes estavam agora razoavelmente confiantes que a inflação irá regressar para 2%, no médio prazo".
A perspectiva dos responsáveis era que, de qualquer forma, a Fed tinha mesmo de actuar na última reunião. "Se o Comité esperasse para começar a remover a política acomodatícia, até que estivesse próxima de atingir os seus objectivos do duplo mandato, poderia ter que rever as medidas abruptamente, o que arriscava uma disrupção da actividade económica", defendem os membros do FOMC nas minutas.
Indo ao encontro das críticas de que poderia ser cedo de mais, a Fed volta a afirmar que este ciclo de subida dos juros será "gradual". Até porque, assim, a instituição monetária "irá manter a política monetária suficientemente acomodatícia, de modo a impulsionar mais melhorias nas condições do mercado laboral e a impulsionar mais a inflação", justificam os responsáveis nas minutas. E concluem que "os ajustamentos graduais à taxa de juro de referência também permitirão aos responsáveis avaliar como a economia reage às subidas dos juros".