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Mário Centeno: BCE deve ter em conta que inflação ficou aquém das previsões
O governador do Banco de Portugal sublinhou que os "números de fevereiro" ficaram aquém das expectativas do Banco Central Europeu e espera que este facto se reflita na decisão que será tomada pela autoridade monetária no próximo dia 16 de março.
O Banco Central Europeu (BCE) deve ter em conta que a inflação ficou aquém das previsões quando definir o próximos aumentos das taxas de juro diretoras na próxima reunião de política monetária agendada este mês, defendeu o governador Mário Centeno numa entrevista ao jornal italiano La Stampa, publicada esta segunda-feira e citada pela Bloomberg.
"Os números de fevereiro que foram recentemente divulgados ficaram vários pontos base abaixo da previsão de dezembro", frisou Centeno. Assim, os membros do conselho da autoridade monetária deverão, na ótica do líder do Banco de Portugal, analisar "com muito cuidado" as novas estimativas sobre a inflação que serão apresentadas este mês.
A taxa de inflação na Zona Euro voltou a abrandar em fevereiro, fixando-se em 8,5%. Já a inflação subjacente, que exclui os produtos alimentares não transformados e a energia (cujos preços estão mais sujeitos a variações) e que é considerada "crítica" para o BCE, voltou a subir, em contraciclo com a inflação total, evidenciando que a subida de preços está mais enraizada. Terá atingido 7,4%, mais 0,3 pontos percentuais do que no mês anterior.
Apesar desta subida da inflação subjacente, Centeno alerta que "não se devem tirar conclusões precipitadas" e voltou a insistir na queda da evolução geral dos preços em fevereiro. "Fomos surpreendidos em comparação com a nossa projeção de dezembro", pelo que "esperamos que a decisão [do conselho do BCE] reflita essa inflação mais baixa", rematou o governador.
Na última reunião, o BCE além de subir as taxas de juro diretoras em 50 pontos base, antecipou outra subida desta dimensão na reunião que acontece no próximo dia 16 de março.
Nas últimas projeções divulgadas em dezembro, o "staff" da autoridade monetária piorou significativamente as suas estimativas para a inflação e para o crescimento económico, esperando que os preços subam ainda 6,3% no próximo ano na Zona Euro e que a economia dos 19 fique perto da estagnação, ao avançar apenas 0,5%.