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Executiva alemã no BCE quer debate "em breve" sobre retirada de estímulos

Sabine Lautenschlaeger, o elemento alemão nos seis que compõem o Conselho Executivo do BCE, não parece convencida com as recentes explicações de Mario Draghi para manter estímulos, e diz que estão garantidas as "precondições" para uma subida de inflação.

Bloomberg
25 de Janeiro de 2017 às 10:19
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É pouco conhecida em Portugal mas é uma das pessoas influentes na condução das políticas em Frankfurt e não parece alinhada com a recente avaliação de Mario Draghi, presidente do Conselho Executivo de seis membros, do qual Sabine Lautenschlaeger faz parte. Numa intervenção terça-feira em Hamburgo, citada pela principais agências internacionais, e já disponível no site do BCE, afirmou que "existem todas as precondições para um aumento estável da inflação", pelo que "está optimista que em breve possam virar-se para a questão da retirada de estímulos".

Lautenschlaeger, que sempre criticou a compra de dívida pública pelo BCE, diz que as medidas de estímulo, em particular as taxas de juro zero e até negativas nos depósitos foram necessárias, mas tal como acontece com a dosagem de medicamentos é importante saber quando parar face à recuperação do paciente. Na sua opinião esse momento está a chegar, afirmou num conhecido clube de reflexão em Hamburgo, reconhecendo que – e continuando com a sua metáfora – ela "é um médica optimista que acredita nos poderes de auto-recuperação e que alegremente pára com a prescrição de medicamentos mais cedo do que tarde".

A posição de Sabine surge poucos dias depois de Mario Draghi ter adoptado um tom muito diferente sobre o momento da Zona Euro, tendo pedido "paciência" aos críticos, em particular aos alemães, pelas baixas taxas de juro na Zona Euro, garantindo que não estão ainda reunidas condições para se falar de uma retirada de estímulos: "É preciso ter paciência. À medida que a recuperação se afirmar, as taxas de juro também subirão. Isto acontecerá para a Alemanha e para todos os outros países", defendeu.

A inflação na Zona Euro subiu para 1,1% em Dezembro, e atingiu os 1,7% na Alemanha, o que está a provocar um aumento da impaciência entre políticos e economistas alemães que argumentam que inflação alta e juros baixos é o pior cenário possível para os aforradores.

Draghi por seu lado defende que o aumento da inflação se deve essencialmente aos preços da energia, e mesmo assim o BCE está longe da meta de inflação de 2% para a média da Zona Euro. Na conferência de imprensa de quinta-feira, que se seguiu à decisão de reafirmar que os estímulos do BCE se manterão até para lá do final de 2017, Draghi elencou até as quatro condições que considera necessárias para que a política monetária reaja. São elas, em primeiro lugar, garantir que a inflação se aproxima dos 2% no médio prazo e não no momento actual; em segundo lugar, ter a certeza que trajectória traduz uma convergência duradoura e não transitória para a meta de 2%; em terceiro lugar, assegurar que a recuperação tem de ser auto-sustentável – "ou seja, tem de se manter mesmo quando o nosso apoio monetário extraordinário já não estiver no terreno"– ; e, finalmente, a ter presente que a inflação relevante para o BCE é definida para a Zona Euro como um todo.
 
Para o presidente do BCE estas condições estão longe de estar garantidas. Já Sabine Lautenschlaeger parece discordar, e defende que a cautela necessária em Frankfurt "não significa esperar até que a última dúvida sobre o regresso da inflação tenha sido dissipada".

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