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Draghi mais optimista diz que "estímulos muito substanciais" continuam necessários

O BCE reviu ligeiramente em alta o crescimento para os próximos anos e diz que riscos para a economia baixaram. Estimativa de inflação também subiu para este ano, mas não para o médio prazo, pelo que estímulos continuam a ser essencias, defende presidente do banco central.

Reuters
09 de Março de 2017 às 14:59
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O BCE está um pouco mais optimista sobre a evolução da actividade económica na Zona Euro, e embora tenha também revisto em alta a inflação para 2017 e 2018, continua a esperar falhar a sua meta de inflação no médio prazo. Os estímulos são por isso para manter, explicou Mario Draghi em conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da manutenção da taxa de juro central em "zero" e do ritmo de compras de activos.
 
Com a decisão e a conferência de imprensa, Draghi recusou a pressão dos que defendem que o banco central deveria começar a inverter já as suas políticas, mas passou uma mensagem mais positiva quanto ao futuro, que levou o euro a reagir em alta, aproximando-se pelas 15 da tarde dos 1.06 dólares, e as principais bolsas europeias a subir.
 
"Continuam a ser necessários estímulos monetários muito substanciais para gerar pressões na inflação subjacente e para suportar a inflação no médio prazo", afirmou o presidente do BCE na declaração inicial da conferência de imprensa, acrescentando que o banco central continua disponível para ir mais longe nos estímulos se necessário, ainda que tal cenário seja hoje menos provável: "a urgência colocada pelos riscos de deflação não existe mais", pelo que a ênfase está agora na implementação total das actuais políticas, e não na possibilidade de as reforçar, afirmou. O estado de menor alerta traduziu-se na eliminação da referência usada até agora à disponibilidade do banco central para usar todas as armas disponíveis para fazer subir a inflação, explicou. 

A inflação na Zona Euro subiu para de 1,8% para 2% em Fevereiro (acima da meta de médio prazo do BCE de uma inflação próxima, mas inferior a 2%), o que é o valor mais elevado desde 2013. Mas ao mesmo tempo, a inflação subjacente na Zona Euro (que desconta o efeito dos preços de energia e bens alimentares) manteve-se inalterada em 0,9% em Fevereiro, o que indicia que passado o efeito do preço do petróleo, a inflação geral voltará a baixar para valores inferiores à meta de 2% do BCE. Essa é interpretação de Draghi, que lembrou que "não há sinais de uma tendência convincente na subida da inflação subjacente", nomeadamente não há sinais evidentes de aumentos salariais. 

Isso mesmo se reflecte nas novas previsões da equipa técnica do BCE, que reviu em alta a previsão de inflação para a Zona Euro, mas apenas para 2017 e 2018, mantendo o valor de 2019. O "staff" espera um aumento de preços de 1,7% em 2017 (contra uma previsão de 1,3% feita em Dezembro), 1,6% em 2018 (1,5% e Dezembro) e 1,7% em 2019 (inalterado), avançou Draghi, afirmando que estes valores são condicionais à implementação de políticas. 


A situação da Zona Euro está hoje muito melhor que há um ano e não é só na inflação, defendeu ainda. 
O "staff" do BCE aponta agora um crescimento de 1,8% em 2017, 1,7% em 2018 e 1,6% em 2019, que compara com 1,7% em 2017, e 1,6% em 2018 e 2019. Os riscos para o crescimento, embora ainda enviesados para a negativa, são hoje menores.


"O BCE melhorou hoje a sua avaliação das perspectivas económicas (…) No entanto, como as pressões sobre a inflação subjacente (que exclui energia e bens alimentares) permanecem deprimidas, o BCE não mudou a sua política ou orientação para o futuro", sintetizou aos clientes Holger Schmieding, economista do banco Berenberg, em Londres, que espera que o BCE comece a reduzir o ritmo de compras de activos para a partir de Janeiro de 2018, e proceda a subidas na taxa de juro central a partir de Setembro de 2019.

Por agora, e tal como planeado em Dezembro, o BCE irá comprar 80 mil milhões de euros de activos em Março, passando em Abril, e pelo menos até ao final do ano, para um ritmo de compras de 60 mil milhões de euros mensais. Questionado sobre a falta de activos para comprar na Zona Euro, em particular dívida portuguesa que tem estado a ser prejudicada, Draghi recusou qualquer preocupação, garantindo que "não vê razões para se preocupar: "o nosso programa de compras está a evoluir como planeado, tanto em termos de duração, como de quantidades", defendeu.

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