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BCE mantém estímulos pouco impressionado com inflação

Banco central mantém estímulos, mesmo com inflação a subir. Novas projecções macroeconómicas e planos para o resto ano, incluindo limites à compra de dívida portuguesa, são temas para a conferência de imprensa.

Reuters
09 de Março de 2017 às 12:50
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O BCE decidiu manter a taxa de juro em "zero" e o plano de compras de activos ao ritmo de 60 mil milhões de euros de Abril até ao final ano, anunciou a instituição em comunicado. A decisão surge num contexto de subida de inflação na Zona Euro e pressão crescente, em particular na Alemanha, para que o banco central inicie uma redução dos estímulos monetários.

"Na reunião de hoje, o Conselho do BCE decidiu que a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito permanecerão inalteradas em 0.00%, 0.25% e -0.40%, respectivamente. O Conselho do BCE continua a esperar que as taxas de juro directoras do BCE permaneçam nos níveis atuais ou em níveis inferiores durante um período alargado e muito para além do horizonte das compras líquidas de activos", lê-se no comunicado.

O programa de compras também continuará até que o BCE identifique uma recuperação sustentada da inflação, acrescentam ainda a instituição: "No que respeita às medidas de política monetária não convencionais, o Conselho do BCE confirma que continuará a efectuar aquisições ao abrigo do programa de compra de activos ao actual ritmo mensal de €80 mil milhões até ao final do corrente mês e que, a partir de Abril de 2017, as compras líquidas de activos prosseguirão a um ritmo mensal de €60 mil milhões até ao final de Dezembro de 2017, ou até mais tarde, se necessário, e, em qualquer caso, até que o Conselho do BCE considere que se verifica um ajustamento sustentado da trajectória de inflação, compatível com o seu objectivo para a inflação". 


A inflação na Zona Euro subiu para de 1,8% para 2% em Fevereiro (acima da meta de médio prazo do BCE de uma inflação próxima, mas inferior a 2%), o que é o valor mais elevado desde 2013. Na Alemanha atingiu mesmo os 2,2%.

Apesar desta evolução, a maioria dos analistas e economistas esperava que o banco central mantivesse a taxa de juro central em zero, assim como o plano anunciado em Dezembro de, em Abril, reduzir o volume de compras mensais de activos de 80 para 60 mil milhões de euros, mantendo-o assim até ao final 2017. Isto porque o aumento da inflação se deve essencialmente à evolução dos preços do petróleo (que afundaram no início de 2016) e a retoma na Zona Euro permanece frágil e sujeita a elevados riscos políticos, com eleições importantes na Holanda, França e Alemanha ao longo deste ano. 

A inflação subjacente na Zona Euro (que desconta o efeito dos preços de energia e bens alimentares) manteve-se inalterada em 0,9% em Fevereiro, o que indicia que passado o efeito do preço do petróleo, a inflação geral voltará a baixar para valores inferiores à meta de 2% do BCE.

Mario Draghi falará em Frankfurt em conferência de imprensa a partir das 13:30 de Lisboa, e nesse momento divulgará as novas previsões de inflação e crescimento para os próximos anos. Em Dezembro, o "staff" do BCE apontou para inflação de 1,3% em 2017, 1,5% em 2018 e 1,7% em 2019, e crescimento anual de 1,7% em 2017, desacelerando para 1,6% em 2018 e 2019. Segundo a Bloomberg não são esperadas alterações significativas nestas previsões de médio prazo - ainda que se espere uma revisão em alta para este ano.

Além da reacção do BCE aos novos dados de inflação e à possibilidade de se iniciar mais cedo que o previsto uma redução de estímulos, Mario Draghi poderá também ser questionado sobre os limites ao programa de compra de títulos em 2017, cujas regras estão por exemplo a forçar o banco central a comprar menos dívida pública portuguesa do que deveria se respeitasse a chave de capital do banco central. Tal deve-se à manutenção de um limite no programa de compras de títulos do sector público (PSPP) que impede o banco central de comprar mais 33% de cada obrigação ou de ter mais de 33% do total de dívida com maturidade entre 2 e 30 anos. Como Portugal tem muita dívida colocada em credores oficiais (UE, FMI e o próprio BCE) não existem títulos suficientes no mercado para o BCE comprar. 

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