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BoE alerta para contração de 30% no Reino Unido, mas mantém estímulos "on hold"

O Banco de Inglaterra manteve os estímulos económicos inalterados, com as taxas de juro em mínimos, mas avisou para uma das piores recessões económicos de sempre. Só no primeiro semestre, o PIB pode cair 30%.

Reuters
07 de Maio de 2020 às 11:19
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O Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) antecipou uma contração do PIB (produto interno bruto) do Reino Unido de 30% no primeiro semestre deste ano, devido ao impacto da atual pandemia, mas optou por não fazer modificações nos estímulos económicos atuais.

Na reunião que decorreu esta quinta-feira, dia 7 de maio, o governador da intituição, Andrew Bailey, alertou para a maior queda da economia em mais de um século, entre janeiro e junho deste ano, e anteviu um declínio de 14% do PIB para o ano como um todo. A acontecer será a maior contração anual em 300 anos.

Contudo, o comité de política monetária votou favoravelmente (sete votos a favor e dois contra) a manutenção da sua taxa de juro inalterada em mínimos históricos nos 0,10% e do seu programa adicional de compra de dívida ("quantitative easing") na ordem dos 200 mil milhões de libras (229 mil milhões de euros), mas mostrou-se disponível para fazer novos ajustes no futuro, se se justificar. Assim, o montante total do programa de compras de ativos fixa-se nos 645 mil milhões de libras (739 mil milhões de euros).

Os dois decisores políticos presentes no comité que votaram contra a manutenção dos estímulos inalterados, disseram ser a favor de uma adição de 100 mil milhões de libras (114 mil milhões de euros) ao seu programa.

Numa entrevista posterior à reunião dada à Bloomberg Television, o governador do Banco de Inglaterra disse que a instituição "poderia fazer mais no 'quantitative easing'" na próxima reunião de junho e que "ia deixar todas as opções em aberto". 

No mercado secundário, os juros britânicos a dez anos sobem 2,2 pontos base para os 0,251%. A libra ganhou fôlego face ao dólar logo após o anúncio e subiu 0,55%, mas abrandou o ritmo.


Apesar de antever uma queda robusta no PIB para este ano, no seu "cenário ilustrativo", o Banco de Inglaterra prevê também que a economia consiga recuperar de forma ágil desta crise atual. Assim, aponta para uma expansão económica já no segundo trimestre do próximo ano, regressando aos valores pré-covid, e uma subida de 3% em 2022.

Para já, além do efeito no crescimento económico, o impacto do novo coronavírus vai-se fazer sentir também no mercado laboral, com a autoridade monetária britânica a apontar para uma taxa de desemprego de 8% em 2020 e de 7% em 2021. 

"O MPC (comité de política monetária) continuará a monitorizar a situação de perto e, de acordo com as suas atribuições, está pronto para tomar as medidas necessárias para apoiar a economia e garantir um retorno sustentado da inflação à meta de 2%", pode ler-se na cópia dos discursos da reunião de hoje, disponibilizada pela intituição.

Os dados mais 
recentes das empresas britânicas sugerem que a queda na produção foi grande, bem como os gastos dos consumidores, que caíram para mínimos históricos. Contudo, o BoE alerta que essa "interrupção será temporária". 

Bancos enfrentam perdas de 80 mil milhões
O setor bancário britânico tem força para resistir à pandemia, garante o Banco de Inglaterra, que projeta perdas no valor de 80 mil milhões de libras (91 mil milhões de euros) para os bancos locais.

No entanto, a instituição enfatizou que o sistema bancário "está numa posição mais forte devido às reformas regulatórias implementadas após a crise financeira de 2008", com capital suficiente para absorver perdas e apoio extra do Estado introduzido durante a pandemia para ajudar os mutuários e a economia.

Os bancos britânicos já começaram preparar-se para os efeitos da pandemia, tendo reservado vários milhares de milhões de libras na semana passada para cobrir o incumprimento de pagamento de empréstimos, numa altura que o confinamento se mantém na região.

O governo britânico vai anunciar a segunda vaga do seu plano de confinamento nesta quinta-feira, numa altura em que regista mais de 202.000 casos infetados com a covid-19 e mais de 30.000 mortes.
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