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BCE vai avançar com novo programa de compra de ativos? O que dizem oito analistas
Os analistas não são unânimes, mas a maioria acredita que o Banco Central Europeu (BCE) vai avançar com um novo programa de compra de ativos. Há quem acredite que o banco central pode atuar logo em setembro, enquanto outros atiram para o início de 2020. E há quem acredite que não vai avançar com nenhum programa de compra de ativos.
O Banco Central Europeu (BCE) deverá avançar com um novo programa de compra de ativos, numa altura em que o crescimento económico parece não querer acelerar e em que a inflação continua longe da meta traçada pelo banco central.
Os analistas estão confiantes de que Mario Draghi vai anunciar um corte dos juros dos depósitos já na reunião de julho, reduzindo a taxa de -0,4% para -0,5%. Uma perspetiva que ganhou lastro depois de o presidente da autoridade ter aberto a porta para esse cenário, no Forum do BCE, que decorreu em Sintra.
Mas a ação do BCE não deverá restringir-se às taxas de juro. Os estímulos deverão passar também pelo retomar do programa de compra de ativos. Mas, neste caso, os analistas não estão tão certos de como vai atuar o BCE.
Há analistas que acreditam que Mario Draghi vai avançar logo em setembro com um pacote de medidas, que inclui o programa de compra de ativos – conhecido como "quantitive easing" (QE), há quem acredite que Draghi vai anunciar que o BCE irá avançar com um plano, mas só mais para o final do ano. E há os que acreditam que o regresso de um programa de compra de ativos ficará nas mãos de Christine Lagarde, que assumirá a presidência do banco central no dia 1 de novembro.
O QUE DIZEM OS ANALISTAS?
Goldman Sachs: "Compras mensais de 30 mil milhões de euros durante nove meses parece exequível"
"Um regresso de um QE de grande dimensão é complicado devido aos limites autoimpostos pelo BCE nas compras de ativos. Mas continua a haver uma capacidade significativa para aumentar as compras do setor empresarial e estimamos que o BCE possa comprar até 400 mil milhões de euros em dívida soberana sob os atuais constrangimentos.
Um dos constrangimentos, a que se refere o Goldman Sachs, está relacionado com o limite de compras por emitente, com o BCE a determinar que não pode comprar mais de 33% de uma determinada linha de obrigações ou do total de obrigações soberanas emitidas.
"Um programa de QE limitado – por exemplo, com compras mensais de 30 mil milhões de euros durante nove meses – parece exequível dentro dos constrangimentos existentes", admite o Goldman.
Morgan Stanley: BCE deverá avançar ainda este ano com 45 mil milhões mensais
"Um crescimento baixo e uma inflação abaixo do objetivo levam-nos a acreditar que o BCE" vai a avançar com estímulos extraordinários. "Isto deverá significar uma reativação do programa de compras de ativos. Quando exatamente e com que dimensão é incerto", salientam os analistas do Morgan Stanley.
A nossa previsão é que "o banco central possa começar a comprar algo como 45 mil milhões de euros por mês no quarto trimestre, com o anúncio em setembro."
JPMorgan afasta novo programa de compra de ativos
"Nesta altura, não esperamos mais QE, mas realçamos que a visibilidade é extremamente reduzida no que respeita à perspetiva macro", afirmam os analistas.
ABN Amro: BCE deverá comprar 70 mil milhões mensais a partir de janeiro
"Esperamos que o BCE relance o QE dada a deterioração das perspetivas económicas e as expectativas de redução da inflação. O programa de QE poderá totalizar 630 mil milhões de euros e durar nove meses, com [compras de] 70 mil milhões mensais a partir de janeiro de 2020", acreditam os analistas do ABN Amro.
"O novo programa pode incluir mais compras de agências nacionais e obrigações regionais e obrigações de empresas. Dentro do programa do setor público, o limite do emitente para a dívida soberana pode ser mantido, mas pode haver um aumento" nas compras de obrigações detidas por agências nacionais e entidades regionais, acrescentam.
BNP Paribas aponta para até 40 mil milhões de compras mensais
"Pensamos que o BCE vai anunciar um ritmo de compras de 35-40 mil milhões de euros mensais em dezembro para entre seis e nove meses, deixando a porta aberta a uma nova extensão", dizem os analistas do BNP Paribas.
"Na nossa perspetiva, o novo programa de QE vai concentrar-se nas obrigações governamentais, complementado com compras de ativos do setor privado", adiantam.
HSBC não prevê, para já, o reinício do QE
Devido "às atuais previsões de crescimento e inflação, em conjunto com as políticas na União Europeia, não prevemos um reinício iminente do QE, ainda assim uma mudança no tom dos constrangimentos técnicos significa que é possível [avançar] um programa credível se os riscos se cristalizarem", consideram os analistas.
Commerzbank: BCE acredita que há várias razões para QE não ser retomado
"Do ponto de vista do BCE, há uma série de razões para que os programas de compra de ativos não devam ser retomados. Mesmo que o banco central aumente o limite de compras por emitente dos atuais 33% para 50% os nossos cálculos sugerem que este limite superior provavelmente será atingido dentro de dois anos."
Danske Bank aposta num grande pacote de estímulo logo em setembro
"Esperamos que o BCE corte a taxa de juro em 20 pontos base, introduza um sistema de escalões [nos juros dos depósitos, que varia consoante os montantes que os bancos depositam no banco central] e retomar o programa de QE, num pacote que poderá chegar já em setembro", estimam os analistas do Danske.
"O nosso cenário central é que o BCE retome o QE durante 12 meses a um ritmo de 40 a 60 mil milhões de euros por mês", adiantam os analistas.