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BCE: Constâncio avisa que expectativas do mercado são demasiado elevadas

O ex-vice-presidente do Banco Central Europeu considera que as expectativas do mercado estão demasiado elevadas para a reunião de 12 de setembro.

BCE
06 de Setembro de 2019 às 10:06
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Vítor Constâncio considera que as expectativas dos mercados relativamente aos estímulos que possam vir a ser decididos na reunião de 12 de setembro do Banco Central Europeu (BCE) estão demasiado elevadas.

Em declarações à Bloomberg TV, o ex-vice-presidente do BCE disse "não estar convencido de que os bancos centrais irão ter de fazer o que quer que seja que os mercados pensem".

"Não estamos numa recessão e não é necessário um grande pacote [de estímulos] neste momento", considera Constâncio, aproximando-se mais das vozes que se têm acumulado contra um possível regresso do "quantitative easing" associado a uma descida da taxa de depósitos, atualmente nos -0,4%.

Para Vítor Constâncio os bancos centrais estão apenas a jogar pelo seguro com algumas medidas, "mas nada mais". "Os mercados estão a incorporar [na valorização dos ativos] muito mais já. É isso que realmente me preocupa", alertou o ex-vice-presidente do BCE.

Neste momento, a expectativa dos mercados é que haja uma descida de 15 pontos base na taxa de depósitos e os economistas antecipam ainda um reinício do programa de compra de ativos, incluindo dívida pública, com aquisições de 30 mil milhões de euros por mês durante um ano. 

Na entrevista, Constâncio dá a entender que essa expectativa é demasiado elevada e que não se pode abusar dos juros negativos. "Há certamente um limite" no uso, diz, referindo o impacto nos bancos e no sistema financeiro, o qual "tem problemas em funcionar bem com uma política de juros negativos". 

"A minha opinião pessoal é que já estamos perto do limite", afirmou Constâncio, mostrando-se cauteloso quanto a uma possível descida que foi sinalizada pelo conselho de governadores na última reunião quando mandou "estudar" as várias possibilidades em cima da mesa, incluindo um corte de juros e uma forma de mitigar o impacto negativo que tem na rentabilidade dos bancos. 

Para o ex-governador do Banco de Portugal é preciso que outros agentes atuem, deixando a política monetária respirar. A resposta aos riscos externos e a possibilidade de uma crise deve ser dos Governos através da política orçamental, defende. Recentemente, numa entrevista a um jornal alemão, o português culpou também a Alemanha pelos juros negativos, criticando os excedentes de poupança.

Mas a questão pode resolver-se por si própria caso haja um acordo comercial entre os EUA e a China ou um alívio expressivo da tensão entre as duas maiores economias do mundo, aquele que "sem dúvida" é o maior problema para o crescimento da Zona Euro neste momento, segundo Constâncio. 

"Se houver um acordo haverá uma explosão de otimismo", antevê Vítor Constâncio, argumentando que os "'animal spirits' iam mudar e que todo o comportamento [económico] ia mudar, o que teria reflexo nos mercados financeiros".
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