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BCE avança mesmo com redução dos estímulos monetários

O programa de compras de emergência pandémica vai mesmo terminar este mês e as compras de ativos ao abrigo do programa regular vão ser progressivamente mais pequenas, já no segundo trimestre. Depois, tudo em aberto.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, preside à reunião de política monetária desta quinta-feira.
Thomas Lohnes /Epa
10 de Março de 2022 às 13:02
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O Banco Central Europeu (BCE) avançou esta quinta-feira com a redução progressiva dos estímulos monetários. Apesar da invasão russa da Ucrânia, e com a inflação já em máximos, o conselho do BCE confirmou o fim do programa de compras de emergência pandémica (PEPP, na sigla inglesa) e definiu compras líquidas cada vez mais pequenas no programa regular, já a partir do segundo trimestre.

"As compras líquidas mensais ao abrigo do programa de compra de ativos (APP, na sigla inglesa) vão atingir 40 mil milhões de euros em abril, 30 mil milhões de euros em maio e 20 mil milhões de euros em junho", lê-se no comunicado, publicado esta quinta-feira.

Estas orientações redefinem o calendário que tinha sido anunciado na última reunião de política monetária. Em fevereiro, o conselho do BCE tinha indicado que as compras mensais do programa regular seriam de 40 mil milhões de euros no segundo trimestre.

Sobre o terceiro trimestre deste ano, o BCE tinha indicado que as compras iriam baixar para 30 mil milhões de euros mensais, mas agora deixa tudo em aberto: "A calibração das compras líquidas para o terceiro trimestre ficará dependente dos dados e refletirá a evolução da avaliação das projeções", indica o banco central.

Ainda assim, o conselho do BCE faz já o aviso: "Se os próximos dados suportarem a expectativa de que a projeção para a inflação de médio prazo não cede mesmo depois de terminadas as compras líquidas de ativos, o conselho terminará as compras ao abrigo do APP no terceiro trimestre."

Quanto às taxas diretoras dos juros, continuam inalteradas, com a taxa para as operações principais de refinanciamento em 0%, a facilidade permanente de cedência de liquidez nos 0,25% e a de depósitos ainda em território negativo, nos -0,5%.

O BCE não dá qualquer nova pista e repete que só deverão mexer "algum tempo depois de terminadas as compras líquidas ao abrigo do APP". Mas uma vez que o conselho admite terminar o programa já no terceiro trimestre, estas orientações deixam claramente em aberto a possibilidade de uma subida de juros ainda este ano.

Já na conferência de imprensa, que se seguiu ao comunicado, Christine Lagarde clarificou uma nuance introduzida quanto ao momento em que os juros poderão começar a subir. A presidente explicou que os novos termos visam dar tempo para que a decisão seja tomada com base nos dados, e não esteja dependente de um calendário.

Na reunião de fevereiro, o BCE tinha definido que as compras de ativos terminariam "pouco antes" do início das subidas de juros. Agora, diz que as subidas de juros terão lugar "algum tempo depois" de terminadas as compras de ativos. É uma pequena alteração nas palavras que tem como objetivo desligar a decisão de mexida nos juros do fim do programa de compras, e torná-la dependente dos números, reforçou a presidente.

Também na conferência, Lagarde recusou que as decisões tomadas esta quinta-feira quanto à redução do programa de compras regular representem uma "aceleração" da retirada dos estímulos. "As decisões tomadas hoje são a continuação lógica das decisões de dezembro e de fevereiro", defendeu. "Não estamos a falar de acelerar, apertar, estamos a falar de normalização", argumentou, "simplesmente porque recohecemos que no contexto atual o apoio que as compras podem dar está a chegar ao fim."

Sobre a guerra na Ucrânia, o BCE manifestou o seu "total apoio" ao povo ucraniano e assegurou que vai implementar as sanções definidas pela União Europeia e os governos europeus.

O BCE garantiu estar pronto para "fazer o que for preciso" para assegurar a estabilidade de preços e financeira, mas no comunicado não abordou o impacto que esta guerra terá nas economias do euro. Decidiu alargar o funcionamento do sistema que reforça as linhas de cedência de liquidez aos bancos centrais da UE que não pertencem à zona euro até 15 de janeiro de 2023, no sentido de responder a quaisquer disrupções fora da área da moeda única que pudessem ter impacto na transmissão da política monetária do BCE.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, explicou em detalhe as decisões tomadas numa conferência de imprensa, agendada para as 13h30 de Lisboa. Pode rever a conferência aqui

(Notícia atualizada às 14:35 com mais informação)
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