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BCE pode subir taxas de juro dos depósitos para máximos de 15 anos

O BCE está preso num dilema entre o impacto da crise energética na inflação e a estagflação. Os juros das dívidas soberanas já começam a refletir a possibilidade de uma política monetária mais "hawkish" na zona euro.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, preside à reunião de política monetária desta quinta-feira.
Thomas Lohnes /Epa
28 de Março de 2022 às 14:27
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Os mercados estão a apostar numa política monetária mais "hawkish" por parte do Banco Central Europeu (BCE) já este ano. Perante a inflação "ricochete" que advém das sanções impostas à Rússia e que acabaram por elevar os custos dos alimentos e energia, agravando ainda mais o galopar do índice de preços no consumidor da zona euro, os investidores está à espera de quatro subidas da taxa de juro de aplicada aos depósitos (em 0,25 pontos percentuais cada) até março de 2023, o que significaria que esta taxa bateria em 0,50% em apenas um ano, de acordo com os dados compilados pela Bloomberg.

 

Caso tal aconteça, será preciso recuar 15 anos, ainda antes da crise financeira de 2008, para assistir a um aumento tão rápido das taxas de juro. "A magnitude destas impressões pode muito bem causar desordem dentro do Conselho do BCE", defende a consultora Mizuho International numa nota de "research" citada pela Bloomberg. A equipa liderada por Peter Chatwell salienta assim que "as taxas de juro podem estar sob pressão".

 

A taxa aplicável às operações de refinanciamento está neste momento em 0%, enquanto as taxas de juro aplicáveis à cedência de liquidez e aos depósitos estão em 0,25% e -0,50%, respetivamente. O discurso oficial do BCE é que só irão subir quando acabarem as compras líquidas de dívida. O "timing" começou a ser visto como cada vez mais próximo, fazendo subir as "yields" no mercado obrigacionista, mas o cenário acabou por se tornar mais incerto com a guerra na Ucrânia.

 

Esta segunda-feira, a yield das bunds alemãs a dois anos – referência para o mercado europeu—subiram sete pontos base para -0,07%, o valor mais alto desde 2014. As dívidas soberanas da zona euro seguiram esta tendência de agravamento, tendo os juros das obrigações portuguesas com a mesma maturidade escalado 2,4 pontos base para -0,181%.

 

No início de fevereiro, o BCE anunciou que decidiu deixar as taxas de juro inalteradas, em mínimos históricos, com a principal taxa de refinanciamento em zero e a taxa aplicada aos depósitos em -0,50%.

 

O BCE tem como principal mandato a estabilidade dos preços, pelo que definiu, em 2021, uma nova estratégia que contempla um objetivo de inflação de 2% a médio prazo.

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