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Trump mais perto da Casa Branca. Mas conseguirá entrar?

As desistências de Cruz e Kasich deixaram Donald Trump à beira da nomeação republicana. As casas de apostas dão mais probabilidades à vitória do multimilionário do que davam à do Leicester no campeonato inglês. E já há uma sondagem que coloca Trump à frente de Hillary Clinton.

Bloomberg
04 de Maio de 2016 às 22:56
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O multimilionário Donald Trump é desde a passada terça-feira o presumível candidato republicano na corrida à Casa Branca. Com mais de 53% dos votos nas primárias de ontem no Estado de Indiana, Trump conseguiu eleger os 51 delegados em disputa, resultado que levou o seu principal adversário no seio do Partido Republicano, Ted Cruz, a anunciar de imediato a desistência. Seguiu-se, já esta quarta-feira, 4 de Maio, o abandono do conservador moderado e governador do Ohio, John Kasich.

 

Apesar de ter conseguido eleger 566 delegados até às primárias de Indiana, de ter vencido em 11 estados e do forte apoio recolhido junto dos conservadores tradicionais e dos evangélicos, Ted Cruz foi incapaz de parar a "onda Trump". No caminho entre Trump e a nomeação, na convenção nacional republicana do próximo mês de Julho, em Cleveland, como candidato republicano à Casa Branca, sobrava apenas o governador do Ohio.

 

Mas com apenas 153 delegados até ao momento, Kasich surgia sem reais possibilidades de impedir que Trump, que conta já com 1.048 delegados eleitos, pudesse alcançar os 1.237 mais um delegados necessários à nomeação republicana. Confrontado com uma derrota certa confirmou ainda hoje a desistência.

 

Depois da vitória retumbante da última noite, Donald Trump aproveitou para tecer rasgados elogios àquele a quem chamava de "Ted mentiroso": "Não sei se ele gosta ou não de mim, mas ele é um competidor dos diabos. Ele tem um futuro maravilhoso e eu quero felicitá-lo".

 

Mas o multimilionário e polémico candidato a presidente dos Estados Unidos não perdeu tempo e rapidamente virou agulhas para Hillary Clinton, a também presumível candidata democrata à Casa Branca. "A campanha de Clinton pensa que esta campanha está acabada. Estão enganados", proclamou o milionário que agora, mais do que nunca, vê em Hillary o último obstáculo para entrar na Casa Branca.

 

"Vamos atrás de Hillary Clinton, ela não vai ser uma grande presidente, ela não vai ser uma boa presidente, ela vai ser uma fraca presidente", avisou o homem que fez milhões no sector imobiliário.

 

No discurso da vitória alcançada em Indiana, Trump fez o diagnóstico de um país em perda mas que com ele como presidente, e fazendo jus ao seu lema, será grande outra vez. "Temos vindo a perder o tempo todo, perdemos com os nossos militares, não conseguimos derrotar o ISIS, perdemos com o comércio, perdemos nas fronteiras, perdemos em tudo", lamentou. Derrotas que o próprio promete transformar em vitórias: "Nós não vamos continuar a perder, vamos começar a ganhar novamente – e vamos ganhar em grande", afiança.

 

Sondagem e casas de apostas mostram que Trump pode vencer Hillary

 

Também Hillary Clinton, ex-senadora e ex-secretária de Estado, segue calmamente o caminho da nomeação como candidata do Partido Democrata às eleições de Novembro. Isto apesar da vitória do socialista Bernie Sanders nas primárias da última noite em Indiana.

 

Mas se a generalidade das sondagens publicadas nos últimos quatro meses mostrava que qualquer candidato – tanto Clinton como Sanders – venceria o candidato republicano se este fosse Trump, no final de Abril surgiu um estudo nacional da Rasmussen Reports que colocou, pela primeira vez em várias semanas, Trump (41%) à frente de Hillary (39%).

 

Contudo subsiste a dúvida sobre a real capacidade de Donald Trump para ser eleito presidente dos Estados Unidos. Segundo as casas de apostas, agora que Trump agarrou a nomeação republicana passou a ter 29% de hipóteses de ser eleito, face à anterior probabilidade de 17%.

 

Já Clinton continua a ser a favorita com uma probabilidade de 69% de ser ela a vencer a corrida presidencial. A mulher do ex-presidente Bill Clinton lidera as sondagens com uma vantagem média de 7 a 8 pontos percentuais, o que faz com que Hillary Clinton parta para a corrida a dois com maiores probabilidades de vitória do que, por exemplo, Barack Obama em 2008 e em 2012.

 

Só que como escreveu esta quarta-feira o Independent, uma vitória presidencial de Trump é "uma possibilidade real", com o multimilionário a deter "odds" de 3 em 10, uma probabilidade quase 1.500 vezes superior à que o Leicester tinha em Agosto de 2015 de vencer o campeonato inglês. Que acabou por vencer.

 

Unir republicanos anti-Trump

O outro grande desafio que se apresenta a Donald Trump passa por conseguir unir em torno de si próprio o Partido Republicano. A capacidade para congregar esforços no seio dos republicanos afigura-se tão mais importante na medida em que Trump surge  como o nomeado republicano mais impopular à partida para os seis meses de campanha presidencial que, oficiosamente, agora se iniciam.

 

O magnata do imobiliário fez precisamente este diagnóstico: "Temos de trazer unidade para o Partido Republicano", disse lembrando os elementos do partido que lhe chamaram as "piores coisas" e que agora lhe telefonam a pedir para entrar no "comboio Trump", acusa com sarcasmo.

 

Mas Trump encara com naturalidade esta mudança de atitude dos seus detractores e, com ironia, concede ser normal uma vez que "eles são políticos". Mas esta não é uma tarefa exclusiva de Trump e, como salientava esta quarta-feira a CNN, também o próprio Partido Republicano, "fracturado por mais de um ano e meio de campanhas, insultos pessoais e ameaças", terá agora de "encontrar uma forma de seguir em frente". Com esse objectivo em mente, Rince Priebus, presidente do partido, escreveu na rede social Twitter que "Donald Trump é o presumível nomeado republicano [e] todos temos de nos unir e focar em derrotar Hillary Clinton".

 

Mas há no partido quem não ceda na oposição ao polémico multimilionário e esteja disposto a cometer a "traição" de votar na candidata democrata. É o caso de Mark Salter, um homem próximo do senador e candidato republicano derrotado por Obama em 2008, John McCain.

 

Logo depois de vitória de Trump no Indiana, Mark Salter criticou Trump pelas alegações feitas, com base numa notícia de um tablóide, ao envolvimento do pai de Ted Cruz no assassinato do antigo presidente, J.F. Kennedy. E garantiu "estar com ela", sendo ela Hillary Clinton. Donal Trump tem até Julho para congregar esforços.

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