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Trump para Pequim: ou ajudam na Coreia do Norte ou não terão bom acordo comercial
Em dois tweets publicados de seguida, Donald Trump deixou vários avisos à China. Primeiro disse que se Pequim ajudar à resolução do problema na Coreia do Norte terá um acordo comercial "bem melhor" com os EUA. E se não ajudar, "resolveremos o problema sem eles", o que prenuncia uma eventual acção unilateral contra Pyongyang.
Sabe-se pouco do que aconteceu e de como decorreu a cimeira bilateral entre Donald Trump e Xi Jinping, na casa de férias do presidente americano em Mar-a-Lago, Flórida. Mas claramente a questão relacionada com a Coreia do Norte não ficou resolvida entre os presidentes das duas maiores potências económicas e militares do mundo.
Através da rede Twitter, Trump diz ter explicado a Jinping, o presidente chinês, que Pequim terá um acordo comercial com os Estados Unidos "bem melhor" se a China ajudar a "resolver o problema na Coreia do Norte".
I explained to the President of China that a trade deal with the U.S. will be far better for them if they solve the North Korean problem!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 11 de abril de 2017
Num tweet publicado logo depois, o presidente americano sustenta que "a Coreia do Norte está a procura de problemas" e avisa que se a China decidir não contribuir na resolução desta questão, então "resolveremos o problema sem eles".
North Korea is looking for trouble. If China decides to help, that would be great. If not, we will solve the problem without them! U.S.A.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 11 de abril de 2017
Sendo difícil medir o real alcance destas declarações, aparentemente Trump põe em cima da mesa duas possibilidades, qualquer uma delas de impacto desconhecido: a primeira por uma espécie de retaliação comercial de Washington contra Pequim, o que poderia abrir a porta a um género de guerra comercial entre os dois países; e a segunda configura uma eventual resposta militar dos EUA contra o regime liderado por Kim Jong-un.
No último sábado, um dia depois do final da cimeira entre Trump e Jinping, o porta-aviões USS Carl Vinson teve ordens para alterar a rota e encaminhar-se para a península coreana, uma acção que representa uma mensagem para dois destinatários: Coreia do Norte e China, velhos aliados desde a Guerra da Coreia dos anos 1950, em que as forças chinesas apoiaram a Coreia do Norte na guerra contra a Coreia do Sul, por sua vez apoiada pelos Estados Unidos.
Mas a China terá sido mesmo o principal destinatário desta mensagem, com os Estados Unidos a demonstrarem disponibilidade para recorrer à força militar em resposta ao continuado desenvolvimento de armamento nuclear pelo regime ditatorial da Coreia do Norte.
Até porque o recém-nomeado conselheiro para a Segurança Nacional de Trump, Herbert McMaster, justificou esta decisão com a necessidade de responder ao "comportamento provocatório" de Pyongyang, acrescentando que o presidente americano solicitou ao Pentágono a apresentação de um "conjunto amplo de opções para acabar com a ameaça" que representa o regime da Coreia do Norte para o povo americano e também para os aliados de Washington naquela região, desde logo a Coreia do Sul.
Coreia do Norte preparada para qualquer tipo de guerra
A Coreia do Norte não se ficou e já respondeu, alertando para as "consequências catastróficas" que poderão resultar das "acções ultrajantes" norte-americanas, segundo declarações atribuídas a um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país e citadas pela agência noticiosa estatal KCNA.
A Coreia do Norte "está pronta para reagir a qualquer tipo de guerra promovida pelos Estados Unidos", cita ainda a KNCA. De acordo com esta agência, o regime norte-coreano sustenta que "a prevalecente situação grave prova, uma vez mais, que a decisão [da Coreia do Norte] de aumentar em todos os sectores as suas capacidades militares, com a força nuclear como eixo, para ataques de autodefesa e preventivos".
Desde a tomada de posse como presidente dos Estados Unidos, Trump tem falado na importância de Pequim ter uma acção decisiva por forma a dissuadir Pyongyang dos intentos nucleares. Se é verdade que a China condenou com firmeza o alegado ensaio com uma bomba de hidrogénio realizado pela Coreia do Norte em Janeiro do ano passado, não é menos verdade que desde então pouco foi feito em concreto para diminuir a capacidade nuclear do regime norte-coreano. Ainda assim, esta segunda-feira a China e a Coreia do Sul acordaram reforçar as sanções aplicadas à Coreia do Norte se Pyongyang persistir em realizar novos ensaios nucleares.
(Notícia actualizada às 14:29 com reacção da Coreia do Norte)