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Trump culpa republicanos pela "confusão" que pode colocar EUA em default

O presidente americano responsabilizou os líderes da maioria republicana em ambas as câmaras do Congresso pela "confusão" gerada pela ainda não aprovação do aumento do tecto da dívida pública dos EUA. O país enfrenta risco de incumprimento em Outubro.

Reuters
24 de Agosto de 2017 às 16:47
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Deterioraram-se as já complicadas relações entre Donald Trump e os líderes da maioria republicana nas duas câmaras do Congresso dos Estados Unidos.

 

Seguindo a prática habitual, o presidente americano recorreu esta quinta-feira, 24 de Agosto, ao Twitter para responsabilizar Paul Ryan, líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, e Mitch McConnel, líder da maioria do GOP no Senado, pela "confusão" em que se encontra agora a Casa Branca para fazer aprovar o aumento do tecto do endividamento federal.

 

Donald Trump critica os líderes do GOP no Congresso pelo facto de estes terem rejeitado a proposta da Casa Branca de incluir a votação à subida do tecto da dívida no popular pacote legislativo – já aprovado, antes ainda da interrupção para férias do início de Agosto – relativo à reforma ao Departamento dos Veteranos de Guerra.

 



"Pedi a Mitch M e Paul R que anexassem a legislação sobre o tecto da dívida ao popular projecto de lei para uma aprovação fácil", escreveu Trump no Twitter antes de concluir que "eles não o fizeram e agora temos um grande problema ao ficarmos dependentes (como habitualmente) dos democratas para aprovar o aumento da dívida. Podia ter sido muito fácil – agora é uma confusão", atirou.

 

Agora o debate sobre o aumento do tecto da dívida deverá ter lugar ao longo do mês de Setembro, sendo expectável a oposição do Partido Democrata. Nancy Pelosi, líder da minoria democrata na câmara baixa do Congresso já avisou que os republicanos, que além de terem maioria nas duas câmaras presidem também à Casa Branca, terão de encontrar por si próprios um plano credível para lidar com a dívida pública americana.

Risco de incumprimento

 

É assim real a possibilidade de paralisia do governo americano. Na terça-feira passada, Trump ameaçou bloquear as acções governativas se o Congresso persistir em não libertar os meios financeiros necessários à construção do prometido muro na fronteira com o México. Por outro lado, como alertou já o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, os Estados Unidos incorrem em risco de entrar em incumprimento se o tecto da dívida não for aumentado até finais do próximo mês de Setembro.

 

Para evitar ambas as situações o Congresso americano terá de, provavelmente em simultâneo, aprovar uma medida de aumento de despesa para que Trump cumpra uma das mais emblemáticas promessas feitas durante a campanha presidencial e promover a aprovação do aumento do tecto da dívida. A Bloomberg sustenta que o cenário mais provável passa por um pacote conjunto das duas medidas.


Em Maio último Trump já havia ameaçado paralisar o governo americano dada a incapacidade dos republicanos em garantirem o apoio necessário junto dos democratas com vista ao financiamento do muro, construção que o então ainda candidato sempre garantiu que seria paga pelo México.

 

Se a acrimónia com Paul Ryan parece ter sido ultrapassada depois da vitória eleitoral do ano passado, as relações entre Trump e McConnell estão cada vez mais frias. Esta semana o New Yort Times noticiou que ambos não se falam há várias semanas. Hoje o presidente americano responsabilizou o senador republicano pelo falhanço na revogação e substituição do sistema de cuidados de saúde conhecido como Obamacare.

 


"O único problema que tenho com Mitch McConnel é que, depois de sete anos a ouvir falar em repelir e substituir [o Obamacare] ele falhou. Isso NUNCA deveria ter acontecido", atirou Trump também via Twitter.

 

Setembro será assim um mês decisivo na política americana, com o Congresso a ter de evitar tanto um bloqueio governamental como a entrada em incumprimento do pagamento de obrigações de dívida. Um organismo bipartidário (Bipartisan Policy Center) estima que sem um aumento do tecto da dívida, os EUA vão começar a falhar pagamentos entre o início e meados de Outubro. 

Nos mandatos da anterior administração americana, Barack Obama também sentiu dificuldades para granjear apoio bipartidário ao reforço da capacidade de endividamento federal, o que então se justificava pela grande divisão e conflituosidade entre democratas e republicanos. Esse clima parece ter piorado com a chegada de Trump à Casa Branca. 

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