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"Trump causou-me arrepios". Hillary revela pormenores da campanha em livro

Num livro que chega aos escaparates a 12 de Setembro, a antiga candidata democrata conta os altos e baixos da campanha, num relato que não pretende ser exaustivo. Mas em que fica clara a opinião sobre o actual presidente dos EUA.

Reuters
23 de Agosto de 2017 às 15:56
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Quase dez meses depois da derrota eleitoral contra Donald Trump, numa campanha marcada por acusações violentas e debates tensos entre os candidatos, Hillary Clinton prepara-se para publicar em livro a experiência de meses a correr os Estados Unidos e os confrontos com o que viria a ser o 45.º presidente norte-americano.

O livro, com o título "What Happened" ("O que aconteceu", na tradução livre para português) só chega às bancas no próximo dia 12. Mas já há excertos a circular que transmitem uma imagem vívida daquilo que terá sido a experiência da antiga primeira-dama ao longo do ano passado.

Uma das revelações recorda o que aconteceu durante o segundo debate televisivo com Trump, na Washington University, St. Louis. E confirma o incómodo que já tinha sido detectado pelos telespectadores durante esse confronto, marcado pela proximidade física e pela linguagem não-verbal de Trump, colocado por detrás de Hillary.

"Eu estava incrivelmente desconfortável. Ele estava, literalmente, a respirar para o meu pescoço. A minha pele arrepiou-se. Foi um daqueles momentos em que desejamos carregar no botão da pausa e perguntar a toda a gente que está a ver: ‘Bem, o que é que fariam?’," questiona a autora numa das passagens do livro, citada pelo jornal britânico The Guardian.

"Ficariam calmos, continuariam a sorrir como se ele não estivesse a invadir repetidamente o vosso espaço? Ou virar-se-iam, olhariam para ele e diriam bem alto: 'Recua, seu canalha, afasta-te de mim?’… Mantive a minha frieza, ajudada por uma vida inteira a lidar com homens que tentam confundir-me," acrescentou a ex-secretária de Estado da administração Obama.

A antiga candidata recorda que, apenas dois dias antes, tinha sido tornado pública uma gravação áudio em que Donald Trump se referia às mulheres em termos vulgares, usando a expressão "grab them by the pussy" ("agarrá-las pela vagina"), o que terá aumentado ainda mais o incómodo sentido.

"Agora estávamos num palco pequeno e fosse eu para onde fosse, ele seguia-me, ficava a olhar para mim e a fazer caretas," conclui.

Foi também a esse debate que a campanha de Trump levou, como convidadas, algumas das mulheres que alegavam terem sido assediadas pelo antigo presidente dos EUA, Bill Clinton, para contrapor as acusações que chegavam do lado democrata.

A autora avisa no entanto que quem procura uma leitura exaustiva da campanha, pode desde já desiludir-se, até porque o tempo que passou sobre a eleição é ainda curto. Mas deixa antever que o percurso foi cheio de altos e baixos, uma confusão de emoções: "Emocionante, alegre, humilde, enfurecedor e simplesmente desconcertante", cita o Politico.

No final, reconhece que a derrota para Trump a vai perseguir até ao fim da vida porque, diz, "sabia que milhões de pessoas estavam a contar comigo e não consigo suportar a ideia de as desiludir, mas fi-lo". E se tivesse voltado atrás, faria muitas coisas de forma diferente, assegura. "Se os russos pudessem piratear o meu subconsciente, encontrariam uma longa lista," ironiza, numa referência explícita ao alegado envolvimento de elementos próximos do Kremlin que tiveram acesso e permitiram que fossem revelados e-mails de Clinton durante a campanha.

Hillary Clinton foi derrotada nas eleições de 8 de Novembro passado, apesar de levar vantagem no voto popular em urnas – quase três milhões de votos de diferença para Donald Trump (48,5% contra 46,4%).

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