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Ruas desertas e comércios fechados em dia de reconversão monetária na Venezuela  

Hoje, em Caracas, as ruas estavam praticamente desertas, em várias urbanizações tradicionalmente movimentadas aos domingos e feriados, como Sabana Grande, Los Símbolos, Plaza Venezuela, Chacaíto, entre outras.

20 de Agosto de 2018 às 20:07
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Ruas desertas, comércios encerrados e poucos carros em circulação marcaram as primeiras horas desta segunda-feira, em Caracas, dia em que a Venezuela retirou cinco zeros ao bolívar e colocou em circulação o bolívar soberano.

 

Hoje, na Venezuela, é feriado nacional, decretado pelo Governo devido à reconversão monetária, e o cenário da capital é idêntico ao de várias localidades do interior, inclusive em zonas de praias, que tradicionalmente registam grande afluência aos feriados e fins-de-semana.

 

"Esta manhã consegui entrar na página web do banco e senti uma angústia terrível ao ver que já tinham eliminado os zeros. Não há palavras para explicar as emoções, é como se nos tivessem subtraído o suor do nosso esforço", explicou um luso-descendente à agência Lusa.

 

Filho de madeirenses, Rafael Bettencourt, 25 anos e engenheiro informático, é casado e pai de duas crianças (2 e 5 anos) e nos últimos tempos teve que mudar os hábitos, até porque apesar de ter "um salário razoável", o dinheiro não chega.

 

"Há uns três anos, nós comíamos fora aos fins-de-semana, íamos ao café, ao cinema, viajávamos ao interior do país e vivíamos confortavelmente, sem grandes luxos. Geralmente quando há um feriado à segunda-feira, vou à praia, desta vez fiquei em casa, no domingo nem saí ao cinema porque até isso já nem posso fazer, pelo caro que está", explicou.

 

Por outro lado, diz­-se preocupado, até por ter dúvidas se a empresa para onde trabalha poderá continuar a funcionar, tendo em conta o que implica o novo aumento de 35 vezes no salário mínimo mensal dos venezuelanos, decretado pelo Presidente, Nicolás Maduro.

 

"Com o salário, não é apenas o aumento, porque é preciso somar os subsídios, o seguro, os aportes para diversos organismos e entre tudo poderá ser mais 20%", disse.

 

Por outro lado Aída de Goncalves, 38 anos, analista de uma empresa de seguros, está apreensiva porque ao ver a conta do banco "parece que não tem nada".

 

"Esta é a segunda reconversão, a primeira foram três zeros e foi fácil, mas agora são cinco. Sinto que fiquei sem dinheiro", frisou.

 

Hoje, em Caracas, as ruas estavam praticamente desertas, em várias urbanizações tradicionalmente movimentadas aos domingos e feriados, como Sabana Grande, Los Símbolos, Plaza Venezuela, Chacaíto, entre outras.

 

Em Valência, 200 quilómetros a oeste de Caracas, o cenário era parecido, como em La Avenida Lara, la Avenida Bolívar e El Trigal, segundo relataram telefonicamente várias pessoas à agência Lusa.

 

Por outro lado, em Higuerote, 120 quilómetros a leste da capital, haviam algumas dezenas de pessoas em três quilómetros de praia, entre a praia Chocolate e a praia Valle Seco.

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