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Republicanos isolam Trump na recusa a compromisso com transição pacífica de poder

Um conjunto de membros republicanos do Congresso americano, entre os quais o líder da maioria conservadora no Senado, descarta a ameaça feita pelo presidente dos Estados Unidos de não se comprometer com uma transição pacífica de poder.

Reuters
24 de Setembro de 2020 às 19:32
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Alguns membros do Partido Republicano decidiram dar mostras de autonomia face ao presidente dos Estados Unidos. Esta quinta-feira, congressistas republicanos de relevo afastaram a possibilidade de Donald Trump não aceitar uma eventual derrota nas presidenciais de 3 de novembro e ignoraram a sua recusa em comprometer-se com uma transição pacífica de poder.

"Haverá uma transição ordeira, tal como tem havido a cada quatro anos desde 1792", escreveu, no Twitter, Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado (câmara alta do Congresso) norte-americano, assegurando ainda que o vencedor das presidenciais "irá tomar posse a 20 de janeiro [de 2021]".


As afirmações feitas por diversos membros do Partido Republicano coincidem na garantia de que, tal como prevê a Constituição, seja quem for o derrotado nas eleições, o mesmo terá de conceder a presidência. No entanto, como realça a imprensa americana, apesar desta posição antagónica face a Trump, nenhum republicano condenou diretamente a ameaça feita pelo atual presidente e a maior parte das principais figuras do partido persiste remetida ao silêncio. 

Um dos nomes que resolveu falar foi o senador republicano Marco Rubio, pese embora rejeitando comentar as declarações de Donald Trump, argumentando não ser um" comentador capacitado". Rubio é presidente do Comité de Informações do Congresso que recentemente produziu um relatório que conclui que a interferência com vista a enfraquecer a confiança no resultado de uma determinada eleição pode ter "consequências significativas ao nível da segurança nacional e eleitoral".

Seja como for, o ex-candidato à nomeação para candidato presidencial do Grand Old Party (GOP) admite que o resultado final das presidenciais deste ano até pode demorar mais tempo até ser conhecido, contudo "será válido". Sem surpresa, uma figura importante a falar foi Mitt Romney, precisamente o único senador republicano que votou pela condenação do presidente no processo de destituição este ano chumbado no Senado.

"Uma transição pacífica de poder é fundamental para a democracia; sem isso, temos a Bielorrússia. Qualquer sugestão de que um presidente possa não respeitar essa garantia constitucional é tão impensável como inaceitável", declarou Romney no Twitter.


O Politico escreve que a congressista Liz Cheney também assegurou que os líderes americanos não deixarão de fazer cumprir a Constituição, uma declaração logo secundada por Steve Stivers, que também é deputado na Câmara dos Representantes (câmara baixa). Por sua vez, o senador Ben Sasse (Nebrasca) lembrou que Trump "diz coisas tontas" e que nos Estados Unidos "sempre houve transições pacíficas de poder e isso não vai mudar".

Trump contra voto por correspondência
Apesar de, desde há vários meses, Donald Trump ter vindo a admitir a hipótese de não aceitar o resultado das presidenciais de 3 de novembro, esta quarta-feira assumiu, pela primeira vez, e de forma desassombrada, que não põe de parte a possibilidade de uma transição violenta de poder.

O motivo invocado pelo magnata nova-iorquino para admitir a possibilidade de não aceitação do resultado eleitoral prende-se com as insistentes críticas ao voto por correspondência, sobretudo porque esta modalidade de voto está a ganhar relevância devido a uma crise pandémica que já causou mais de 200 mil mortes nos EUA.

Trump admitiu já publicamente ter nomeado o doador do partido Republicano e seu aliado de longa data, Louis DeJoy, para liderar o Serviço Postal dos EUA e, a partir desta função, descredibilizar o voto postal.

Quando faltam 40 dias para a eleição presidencial, o candidato democrata Joe Biden continua a liderar destacado as sondagens. Segundo a média de sondagens nacionais calculada pela NBC, Biden lidera com 50,3% das intenções de voto face aos 41,8% obtidos pelo presidente.

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