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Preços dos alimentos sobem em 2021 para máximos de uma década

A incerteza sobre a pandemia, as alterações climáticas e a "fome" de Pequim fizeram disparar o índice alimentar da ONU para a pontuação mais alta desde 2011.

A consciencialização dos consumidores é fundamental para reduzir o desperdício alimentar.
Pedro Catarino
06 de Janeiro de 2022 às 18:30
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Os preços dos alimentos subiram 28% em 2021, para o nível mais alto em uma década, devido às disrupções nas cadeias de abastecimento na fase de recuperação económica, revelam os dados publicados esta quinta pela Agência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

O índice - que acompanha os produtos alimentares mais comercializados a nível mundial - obteve uma média de 125,7 pontos em 2021, o valor mais alto desde os 131,9 pontos contabilizados em 2011.

Para este ano, a FAO considera que a possibilidade de o mercado estabilizar é bastante escassa. "Embora se preveja que este ano o aumento da produção reduza ligeiramente os preços, a realidade é que a incerteza sobre a pandemia e as alterações climáticas deixam pouca margem para otimismos quanto ao regresso de condições de mercado mais estáveis em 2022", afirmou Abdolreza Abbassian, economista sénior da FAO, em comunicado.

A estes fatores soma-se ainda o facto de Pequim entrar em 2022 como o maior "cofre" de alimentos do mundo, ameaçando uma subida adicional dos preços. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA, a China vai controlar 69% das reservas de milho de todo o mundo no primeiro semestre de 2022, 60% das reservas de arroz e 51% do trigo. As projeções representam um aumento de cerca de 20 pontos percentuais face aos últimos 10 anos.

Akio Shibata, presidente do Instituto de Investigação de Recursos Naturais de Tochigi, em entrevista ao Nikkei Asia, diz que a China pode estar a contribuir para o aumento dos preços e da fome no mundo. "A acumulação da China é uma das razões para o aumento dos preços", sublinha o especialista.

O índice mensal dos preços dos alimentos da ONU abrandou ligeiramente em dezembro, mas tinha subido nos quatro meses anteriores de forma consecutiva, refletindo  a redução nas colheitas e a forte procura no último ano.

Em dezembro, os preços de todas as categorias do índice de preços dos produtos lácteos caíram, com os óleos vegetais e o açúcar a registarem as quedas mais significativas. No entanto, o mergulho de dezembro não foi suficiente para travar a subida histórica do índice em termos anuais.

Em 2022, o mercado das "commodities" alimentares arrancou de forma agitada devido à seca na América do Sul e às cheias na Malásia.

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