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Pequim suspende compras agrícolas aos EUA e põe em causa acordo comercial

A tensão entre os dois países por causa da situação em Hong Kong ameaça pôr em risco o acordo comercial firmado em janeiro, que pôs travão a meses de conflito entre as duas maiores economias do mundo.

Xi Jinping e Donald Trump têm travado várias batalhas. O novo coronavírus voltou a opor os dois países.
Carlos Barria/Reuters
01 de Junho de 2020 às 12:58
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As tensões entre os Estados Unidos e a China por causa de Kong Kong ameaçam deteriorar ainda mais a relação entre as duas maiores economias do mundo e colocar em causa as bases do acordo comercial de fase um firmado em janeiro.

De acordo com a Bloomberg, que cita fontes próximas, as autoridades chinesas ordenaram às grandes empresas estatais que suspendessem a compra de alguns bens agrícolas aos Estados Unidos, incluindo soja, enquanto Pequim avalia a recente escala de tensões em torno de Hong Kong.

Entre as empresas que deixarão temporariamente de comprar bens aos Estados Unidos contam-se a Cofco e a Sinograin, segundo as mesmas fontes, que adiantam também que já houve uma série de encomendas de carne de porco canceladas.

Esta suspensão das compras chinesas aos Estados Unidos põe em risco o acordo alcançado no início do ano, e que previa um aumento das importações chinesas de bens agrícolas norte-americanos, apesar de, ainda no mês passado, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang ter reiterado o compromisso do governo com a implementação do acordo.

No âmbito do acordo, a China comprometeu-se a comprar bens agrícolas aos Estados Unidos no valor de 36,5 mil milhões de dólares em 2020, embora a pandemia da covid-19 tenha limitado as importações a apenas 3,35 mil milhões de dólares nos primeiros três meses do ano, o valor mais baixo para o mesmo período desde 2007.

A decisão de Pequim de suspender as exportações surge depois de, na sexta-feira passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter lançado uma série de críticas à China devido à imposição de uma controversa legislação de segurança nacional em Hong Kong, que os críticos acusam de reprimir a dissidência e minar o princípio "um país, dois sistemas" que mantém Hong Kong autónoma do continente desde 1997.

O líder da Casa Branca disse que, por causa desta legislação, os Estados Unidos iriam retirar alguns privilégios a Hong Kong, em termos comerciais, sem detalhar exatamente que medidas pretende avançar. O chefe de Estado também ameaçou impor sanções às autoridades da China e Hong Kong "direta ou indiretamente envolvidas " na corrosão da autonomia de Hong Kong.

A falta de detalhes nas ameaças de Trump manteve os investidores otimistas na sexta-feira, mas as ações concretas da China já estão a penalizar o sentimento do mercado. Os futuros das ações do S&P500 reverteram os ganhos iniciais e já descem 0,6%, apontando para um início de semana negativo em Wall Street.

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