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Pequim e Bruxelas chegam a acordo para abrir o mercado chinês a investimento europeu

O acordo histórico foi confirmado esta quarta-feira pelo presidente chinês, Xi Jinping, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

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30 de Dezembro de 2020 às 14:11
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A União Europeia e a China chegaram a um acordo histórico que representa a abertura da segunda maior economia do mundo a investimento europeu. Desde 2013 que as duas potências estavam em diálogo para tentar alcançar um acordo de investimento. 

O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo presidente chinês, Xi Jinping, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. 

 

O acordo permite abrir o mercado chinês ao investimento europeu, ao mesmo tempo que também aborda as práticas que geram preocupações em Bruxelas, nomeadamente subsídios ilegais concedidos por Pequim a várias industrias, controlo estatal de diversas companhias e transferência forçada de tecnologia.

De acordo com Bruxelas, este acordo político "irá criar um melhor equilíbrio nas relações comerciais UE-China", uma vez que "a UE tem sido tradicionalmente muito mais aberta do que a China ao investimento estrangeiro".

Pequim "compromete-se agora a abrir-se à UE numa série de sectores-chave" e a assegurar "um tratamento justo" às empresas europeias, de modo a que estas possam competir em condições de igualdade, referiu a Comissão.


Numa declaração divulgada em Bruxelas, Von der Leyen considerou este acordo "um marco importante" nas relações da UE com a China, apontando que o mesmo "proporcionará aos investidores europeus um acesso sem precedentes ao mercado chinês", ao mesmo tempo que "compromete a China com princípios ambiciosos a nível de sustentabilidade, transparência e não-discriminação".

Ao jornal britânico Financial Times, Vladis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, disse tratar-se do acordo "mais ambicioso de sempre entre a China e uma outra potência".

"Esperamos que daqui para a frente as empresas europeias possam ter maior confiança nas suas operações", afirmou o governante, destacando que o acordo implica uma "alteração das regras do jogo, dado que durante muito tempo as relações comerciais com a China foram desequilibradas".

Por sua vez, a China vê cumprida uma ambição de longa data, garantindo acesso ao mercado de energias renováveis europeu.

O acordo é também a prova de que os negócios europeus estão cada vez mais focados no mercado asiático, apesar das críticas de Bruxelas ao governo de Xi Jinping por alegadas violações de direitos humanos. 

No entanto, o Financial Times salienta que o acordo poderá criar tensão entre a União Europeia e a administração Biden. O presidente-eleito norte-americano tem insistido na importância da cooperação transatlântica para fazer frente ao poderio de Pequim.

A China tem procurado afirmar-se como a grande potência do século XXI e o fortalecimento dos laços comerciais com a União Europeia é mais uma manobra geopolítica do grande império do meio.

A agência Bloomberg escreve que o documento deverá entrar em vigor em 2022.

A notícia do acordo é no entanto uma surpresa dada a evolução das relações entre as duas potências em 2020. Este ano, Bruxelas repudiou publicamente a interferência de Pequim em Hong Kong e acusou o governo de Xi Jinping de ter encetado uma campanha de desinformação acerca do novo coroanvírus.

De acordo com um comunicado conjunto da Comissão e do Conselho, durante a videoconferência de hoje os líderes abordaram também outros dossiês, designadamente o combate às alterações climáticas, a pandemia da covid-19, Hong Kong e direitos humanos, com os dirigentes europeus a congratularem-se com "importantes progressos numa série de questões-chave", mas "contínuas expectativas e preocupações noutras áreas", sem especificar.

A União Europeia reiterou ainda o convite dirigido ao Presidente chinês, Xi Jinping, para uma cimeira UE-China ao mais alto nível, com a participação dos chefes de Estado e de Governo dos 27, que chegou a estar prevista para este ano mas foi adiada devido à covid-19, devendo então decorrer em Bruxelas em 2021, em data ainda a definir.
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