Notícia
Parlamento iraquiano aprova expulsão das tropas norte-americanas do país
O parlamento iraquiano aprovou este domingo, 5 de janeiro, uma resolução que apela ao governo para que expulse do país as forças militares estrangeiras, depois do ataque norte-americano, na sexta-feira, que resultou na morte do general iraniano Qassem Soleimani.
A resolução aprovada pela maioria dos 180 deputados presentes no parlamento pede ao governo do Iraque que cancele o pedido de assistência à coligação liderada pelos EUA que opera no país em luta contra o Estado Islâmico.
"O governo compromete-se a revogar o seu pedido de assistência à coligação internacional que luta contra o Estado Islâmico devido ao fim das operações militares no Iraque e à conquista da vitória", lê-se na resolução, que acrescenta que o governo iraquiano "deve trabalhar para acabar com a presença de tropas estrangeiras em solo iraquiano e proibi-las de usar as suas terras, águas ou espaço aéreo por qualquer motivo".
A morte do comandante militar iraniano Qasem Soleimani num ataque aéreo dos EUA enfureceu as milícias xiitas no Iraque, e o governo de Bagdade tem acusado Washington de violar a sua soberania.
A resolução não é vinculativa para o governo, mas o primeiro-ministro iraquiano Adel Abdul Mahdi pediu ao parlamento no domingo que tome medidas urgentes e acabe com a presença de tropas estrangeiras o mais rápido possível.
"Apesar das dificuldades internas e externas que podemos enfrentar, continua a ser o melhor para o Iraque", disse Abdul Mahdi ao parlamento.
Também este domingo, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque, Abdulkarim Hashem Mustafa, convocou o embaixador dos EUA em Bagdade, Matthew Tueller, para lhe transmitir a condenação ao ataque aéreo norte-americano em território iraquiano que vitimou o comandante da força de elite iraniana Al-Quds, Qassem Soleimani.
Na conversa com o embaixador dos EUA, Mustafa enfatizou que o ataque representa "uma violação flagrante da soberania do Iraque, de todas as normas e leis internacionais que regulam as relações entre os países", segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano.
Na origem da tensão está o ataque aéreo ocorrido na passada sexta-feira contra o carro em que seguia Qassem Soleimani, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, e que resultou na morte do general.
No mesmo ataque morreu também o 'número dois' da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras seis pessoas.
O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e apenas terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.