Notícia
Kamala e Pence no mais importante debate de vices da história dos EUA
Numa eleição disputada pelos dois candidatos presidenciais mais velhos na história americana, o embate entre Kamala e Pence poderá ser o mais importante desde que, há quatro décadas, começaram os debates entre candidatos a vice-presidente.
Na madrugada desta quarta-feira vai decorrer o primeiro, e único, debate televisivo entre os candidatos a vice-presidente dos Estados Unidos, a democrata e senadora californiana, Kamala Harris, e o republicano e atual vice, Mike Pence.
O frente a frente terá lugar em Salt Lake City, no Utah, e vai decorrer sob medidas reforçadas de segurança sanitária (com acrílico entre os candidatos, que estarão a cerca de quatro metros de distância) isto depois de o presidente americano, Donald Trump, ter testado positivo à covid-19, podendo estar já infetado durante o debate realizado na semana passada.
O embate entre Harris e Pence é avaliado pelos analistas como o mais relevante debate entre candidatos a vice-presidente desde a sua criação, há quatro décadas.
E há uma razão concreta para que assim seja. É que o republicano Donald Trump (74 anos) e o democrata Joe Biden (faz 78 anos dia 20 de novembro) são os mais velhos candidatos de sempre à Casa Branca, o que eleva as possibilidades de o próximo presidente americano ter de ser substituído pelo respetivo número dois durante o mandato presidencial que se segue.
Além de que o facto de Trump estar infetado pelo novo coronavírus, encontrando-se atualmente em isolamento após ter saído do hospital na segunda-feira, veio adensar a importância da escolha do candidato a vice-presidente.
É certo que os debates entre candidatos a vice costumam ser pouco apelativos e sobretudo centrados na forma como cada qual se propõe apoiar a atuação do presidente. Contudo, desta feita é diferente.
Não só nunca foi tão elevada a probabilidade de um candidato a vice-presidente ter de assumir a presidência, como neste debate se espera a discussão sobre os principais temas da atualidade americana, que ficou arredada do frente a frente entre Biden e Trump, demasiado marcado pela troca de insultos e interrupções constantes.
Por outro lado, e apesar de Donald Trump ter ontem garantido presença no debate previsto para 15 de outubro (Miami, Florida), logo também no terceiro e último a 22 de outubro (Nashville, Tennessee), o duelo Harris-Pence poderá bem ser o último debate da campanha para as presidenciais de 3 de novembro, dependendo da recuperação, ou não, do atual presidente. Se tal cenário se viesse a verificar, e dada a desvantagem de Trump nas intenções de voto, o debate desta quarta-feira seria uma das principais oportunidades para os republicanos recuperarem.
Estilos distintos
Quanto ao perfil e estilo de cada um, dificilmente os dois candidatos poderiam ser mais diferentes. A progressista Kamala Harris tem uma atitude mais agressiva e acutilante. A antiga procuradora-geral da Califórnia é também conhecida como uma das mais duras inquiridoras no Congresso e tem marcado pontos no Senado pela forma como questiona os membros da administração Trump.
É ainda vista como boa em debates. Ainda assim, há quem aponte inconsistência a Harris e dê como exemplo o bem-sucedido primeiro debate nas últimas primárias democratas, a que se seguiu um apagamento paulatino nos restantes embates.
Já o religioso e conservador Mike Pence é mais calmo e ponderado e tem a seu favor a capacidade para se manter sereno nos debates. E apesar de ser avaliado como alguém com menor capacidade para embates retóricos, tem a experiência do debate de há quatro anos e não deixará de utilizar esse fator a seu favor.
Pence tem sempre secundado as ações de Trump e não deixará de voltar a elogiar o trabalho feito por si próprio e pelo presidente incumbente, porém é também criticado por ser uma espécie de "yes-man" do presidente, algo que Kamala Harris pode usar a seu favor.
Mas tudo indica que a principal arma a usar por Kamala Harris diga respeito à gestão da crise pandémica feita pela Casa Branca. Os EUA contabilizam já cerca de 210 mil mortes por covid. A senadora não deixará de questionar a task-force criada pela administração para enfrentar a pandemia, que é liderada por Pence.
Quanto ao vice-presidente, deverá atacar o currículo de Harris como senadora e as suas posições "socialistas" em relação ao sistema de saúde dos EUA e à defesa do Obamacare. Em troca, Harris poderá acusar os republicanos de quererem usar a nomeação da conservadora Amy Coney Barrett para o Supremo Tribunal (outro assunto relevante no debate) para desmantelar o Affordable Care Act.
Os conflitos sociais causados pelas manifestações anti-racismo deverá ser outros dos temas na agenda, até porque a candidata democrata é uma das vozes políticas mais ativas na defesa de reformas ao funcionamento das forças de segurança e na crítica à posição de força assumida pela Casa Branca. Se o assunto surgir, Pence vai insistir na defesa da "lei e ordem" em contraposição ao que dizem ser distúrbios também alimentados pelas posições democratas.
O frente a frente terá lugar em Salt Lake City, no Utah, e vai decorrer sob medidas reforçadas de segurança sanitária (com acrílico entre os candidatos, que estarão a cerca de quatro metros de distância) isto depois de o presidente americano, Donald Trump, ter testado positivo à covid-19, podendo estar já infetado durante o debate realizado na semana passada.
E há uma razão concreta para que assim seja. É que o republicano Donald Trump (74 anos) e o democrata Joe Biden (faz 78 anos dia 20 de novembro) são os mais velhos candidatos de sempre à Casa Branca, o que eleva as possibilidades de o próximo presidente americano ter de ser substituído pelo respetivo número dois durante o mandato presidencial que se segue.
Além de que o facto de Trump estar infetado pelo novo coronavírus, encontrando-se atualmente em isolamento após ter saído do hospital na segunda-feira, veio adensar a importância da escolha do candidato a vice-presidente.
É certo que os debates entre candidatos a vice costumam ser pouco apelativos e sobretudo centrados na forma como cada qual se propõe apoiar a atuação do presidente. Contudo, desta feita é diferente.
Não só nunca foi tão elevada a probabilidade de um candidato a vice-presidente ter de assumir a presidência, como neste debate se espera a discussão sobre os principais temas da atualidade americana, que ficou arredada do frente a frente entre Biden e Trump, demasiado marcado pela troca de insultos e interrupções constantes.
Por outro lado, e apesar de Donald Trump ter ontem garantido presença no debate previsto para 15 de outubro (Miami, Florida), logo também no terceiro e último a 22 de outubro (Nashville, Tennessee), o duelo Harris-Pence poderá bem ser o último debate da campanha para as presidenciais de 3 de novembro, dependendo da recuperação, ou não, do atual presidente. Se tal cenário se viesse a verificar, e dada a desvantagem de Trump nas intenções de voto, o debate desta quarta-feira seria uma das principais oportunidades para os republicanos recuperarem.
Estilos distintos
Quanto ao perfil e estilo de cada um, dificilmente os dois candidatos poderiam ser mais diferentes. A progressista Kamala Harris tem uma atitude mais agressiva e acutilante. A antiga procuradora-geral da Califórnia é também conhecida como uma das mais duras inquiridoras no Congresso e tem marcado pontos no Senado pela forma como questiona os membros da administração Trump.
É ainda vista como boa em debates. Ainda assim, há quem aponte inconsistência a Harris e dê como exemplo o bem-sucedido primeiro debate nas últimas primárias democratas, a que se seguiu um apagamento paulatino nos restantes embates.
Já o religioso e conservador Mike Pence é mais calmo e ponderado e tem a seu favor a capacidade para se manter sereno nos debates. E apesar de ser avaliado como alguém com menor capacidade para embates retóricos, tem a experiência do debate de há quatro anos e não deixará de utilizar esse fator a seu favor.
Pence tem sempre secundado as ações de Trump e não deixará de voltar a elogiar o trabalho feito por si próprio e pelo presidente incumbente, porém é também criticado por ser uma espécie de "yes-man" do presidente, algo que Kamala Harris pode usar a seu favor.
Mas tudo indica que a principal arma a usar por Kamala Harris diga respeito à gestão da crise pandémica feita pela Casa Branca. Os EUA contabilizam já cerca de 210 mil mortes por covid. A senadora não deixará de questionar a task-force criada pela administração para enfrentar a pandemia, que é liderada por Pence.
Quanto ao vice-presidente, deverá atacar o currículo de Harris como senadora e as suas posições "socialistas" em relação ao sistema de saúde dos EUA e à defesa do Obamacare. Em troca, Harris poderá acusar os republicanos de quererem usar a nomeação da conservadora Amy Coney Barrett para o Supremo Tribunal (outro assunto relevante no debate) para desmantelar o Affordable Care Act.
Os conflitos sociais causados pelas manifestações anti-racismo deverá ser outros dos temas na agenda, até porque a candidata democrata é uma das vozes políticas mais ativas na defesa de reformas ao funcionamento das forças de segurança e na crítica à posição de força assumida pela Casa Branca. Se o assunto surgir, Pence vai insistir na defesa da "lei e ordem" em contraposição ao que dizem ser distúrbios também alimentados pelas posições democratas.