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João Soares alerta contra "tentação de matar o pai" referindo-se a José Eduardo dos Santos
O deputado João Soares disse acreditar que há vontade em Angola para avançar no processo de reconciliação nacional e alertou contra a tenção de "matar o pai", numa referência a José Eduardo dos Santos e a sua família.
"O que acredito é que haja vontade de reconciliação e espero que isto não se faça por um processo shakespeariano, não vão fazer um 'Hamlet' de matar o pai, em relação a José Eduardo dos Santos, e à família", disse João Soares, este sábado, 1 de junho, em declarações à Lusa em Angola, onde participou nas exéquias fúnebres de Jonas Savimbi, quando questionado sobre os impactos da cerimónia.
"Agora, tranquilidade, paz e reconciliação nacional", defendeu o deputado socialista, enaltecendo as qualidades humanas e políticas de Jonas Savimbi.
"Foi um homem de uma grandeza sem par no palco angolano", disse, acrescentando que um dos fatores que o diferenciou foi ter estado sempre em Angola: "Esteve, no essencial do tempo, sempre no interior de Angola", afirmou.
Sobre as críticas ao líder histórico da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), João Soares afirmou: "Há aspetos menos positivos no seu percurso e algumas mortes foram lamentáveis, mas isso não me impede de reconhecer aquilo que é a grandeza ímpar de um homem que deu a sua vida por aquilo em que acreditava, com uma coragem absolutamente indiscutível, inteligente, e que sabia bem o final que ia ter".
Para João Soares, "há poucos dirigentes em África e no mundo, depois de morrerem em combate há 17 anos, que seriam capazes, pela simples evocação da sua memória, de ter uma mobilização com este entusiasmo".
Jonas Savimbi foi morto em combate em 22 de fevereiro de 2002, tendo siso sepultado no cemitério do Luena, no Moxico, mas sob a alçada do Governo angolano, cujo Presidente acedeu, em 2018, ao pedido do atual líder da UNITA, Isaías Samakuva, para se proceder à exumação do corpo, processo que culminou sexta-feira no Andulo, com a entrega formal dos restos mortais à respetiva família, para que hoje, em Lopitanga, se concretizasse o funeral.