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Hillary Clinton aceita nomeação neste "tempo de responsabilidade"
A ex-primeira-dama é formalmente a candidata democrata à Casa Branca. Cada vez mais pressionada por Trump, Clinton garantiu que "não vamos construir um muro, em vez disso vamos construir uma economia em que todos os que queiram um bom trabalho o consigam".
Na última madrugada Hillary Clinton tornou-se a primeira mulher a ser nomeada candidata à presidência dos Estados Unidos. Num discurso de uma hora, Hillary Clinton aceitou a nomeação democrata com "humildade, determinação e infinita confiança" no futuro dos Estados Unidos e apontou baterias ao seu adversário na corrida à Casa Branca, o candidato republicano Donald Trump.
Depois de Trump ter concentrado o essencial do seu discurso na convenção republicana no medo, Clinton citou o ex-presidente Franklin Roosevelt: "A única coisa que te temos de ter medo é do próprio medo". "Não temos medo", prosseguiu a antiga primeira-dama que assegura que "não vamos construir um muro, em vez disso vamos construir uma economia em que todos os que queriam um bom trabalho o consigam".
A também ex-secretária de Estado norte-americana quis deixar uma mensagem de unidade em contraposição às posições que vêm sendo assumidas. Clinton recordou que na convenção republicana que de Cleveland, Donald Trump voltou a prometer que resolverá todos os problemas dos Estados Unidos:
"Não acreditem em ninguém que diz que ‘eu sozinho consigo resolver tudo’(…) Os americanos não dizem que sozinhos podem resolver, dizemos que conseguimos resolver juntos".
Hillary Clinton: "Americans don't say 'I alone can fix it,' we say we'll fix it together" https://t.co/HPMM8HvCuD https://t.co/wr1ArzfIMl
— CNN (@CNN) 29 de julho de 2016
"Há uma coisa que Donald Trump não percebe. A América é fantástica porque a América é boa", continuou a candidata democrata que afiança que "Trump não oferece uma verdadeira mudança, oferece promessas vazias".
Prometendo enfrentar com tenacidade as várias ameaças que pairam sobre os Estados Unidos e garantindo que derrotará o autoproclamado Estado Islâmico, Clinton pediu a todos os americanos que se perguntem a si próprios se Trump "tem o temperamento para ser comandante em chefe". A resposta antevia-se e Clinton sustentou que um "homem que fica fora de si com um tweet não é um homem a quem se possam confiar armas nucleares".
No fundo Hillary considera que há "forças poderosas que ameaçam dividir-nos", razão que a faz considerar que a nação americana enfrenta um desafio crucial em 2016. Nos Estados Unidos é chegado o "tempo de assumir responsabilidades", algo que se traduz na escolha entre dois candidatos que diametralmente opostos, um fortemente ligado ao "establishment" (Clinton) e outro assumidamente anti-sistema (Trump).
"O céu é o limite"
Depois de terem passado por Filadélfia oradores como o ex-presidente e marido de Hillary, Bill Clinton, e o actual presidente, Barack Obama, com discursos caracteristicamente emotivos e envolventes, a menos carismática Hillary Clinton acabou por fazer o mais importante e melhor discurso da sua já longa carreira política, como apontam vários analistas. Obama também elogiou o discurso da sua antiga secretária de Estado.
Great speech. She's tested. She's ready. She never quits. That's why Hillary should be our next @POTUS. (She'll get the Twitter handle, too)
— President Obama (@POTUS) 29 de julho de 2016
Quebrados os "telhados de vidro" a que Hillary se referiu há oito anos quando falava na necessidade de um dia uma mulher chegar à Casa Branca (algo que nunca aconteceu), agora Clinton disse que "quando não há telhados, o céu é o limite".
Para atingir esse céu Hillary propõe-se em conjunto "olhar para o futuro com coragem e confiança" para "construir um melhor amanhã para os nossos amados filhos e amado país". "A minha primeira missão como presidente será criar mais oportunidades, melhores empregos e melhores salários", atirou.
Depois de uma aguerrida eleição com Bernie Sanders, que também atribuiu o apoio à agora candidata democrata, Hillary fez questão de se dirigir directamente ao senador do Vermont, tentando recuperar, ou não deixar alienar, o eleitorado jovem que deu à campanha de Sanders uma força que poucos antecipavam.
"Puseste as questões económica e sociais e a justiça à frente e no centro, onde pertencem. E a todos os teus apoiantes, aqui e por todo o país, eu quero que saibam que vos ouvi". "A vossa causa é a nossa causa", acrescentou depois.
Recorrendo aos fundadores e ao coração da Constituição americana – que foi firmada em Filadélfia – que assenta numa lógica de distribuição de poderes e de pesos e contrapesos que refreiem o abuso de poder, Hillary Clinton recordou que "os nossos fundadores fizeram uma revolução e escreveram uma Constituição para que a América nunca fosse uma nação em que uma pessoa tivesse todo o poder". Trump foi, uma vez mais, o alvo evidente desta mensagem.
"Esta noite atingimos uma marca na marcha da nossa nação no sentido de uma mais perfeita união. A primeira vez que um grande partido nomeou uma mulher para presidente", proclamou Hillary no início do discurso. Agora resta saber se Clinton vai também vencer as presidenciais de Novembro e tornar-se a primeira presidente dos Estados Unidos.