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Dívida dos países mais frágeis subiu de 310 para 745 mil milhões de dólares

O montante de dívida dos países mais vulneráveis subiu de 310 mil milhões de dólares, em 2009, para 745 mil milhões em 2019.

19 de Outubro de 2020 às 15:31
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O Instituto Financeiro Internacional (IFI), representante dos credores privados, disse hoje que o montante de dívida dos países mais vulneráveis subiu de 310 mil milhões de dólares, em 2009, para 745 mil milhões em 2019.

"O ritmo de acumulação de dívida externa dos países elegíveis para a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) tem sido notável na última década, aumentando de menos de 310 mil milhões de dólares [263 mil milhões de euros] em 2009, para cerca de 745 mil milhões de dólares [633 mil milhões de euros] em 2019", escrevem os analistas dos credores privados numa nota sobre as necessidades de financiamento destes países.

Na análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, lê-se que "apesar de este aumento ter sido sustentado principalmente na dívida pública e garantida pelo Estado, que subiu 2,5 vezes, para mais de 490 mil milhões de dólares [416 mil milhões de euros], o crescimento foi ainda maior na dívida externa do setor privado, que quadruplicou para 160 mil milhões de dólares [135 mil milhões de euros]".

A nota, enviada poucos dias depois de o G20 ter decidido prolongar a DSSI até junho do próximo ano, admitindo que se mantenha em vigor até final de 2021, afirma também que a dívida externa de longo prazo pública ou garantida pelo Estado representa 65% do total, o que demonstra que "maximizar o alívio na liquidez do setor público continua a ser vital para atacar a crise motivada pela covid-19". Relativamente à composição dos credores, o IFI salienta que apesar das diferenças de país para país, o Banco Mundial é o maior credor, detendo 43% da dívida externa dos 73 países elegíveis para a DSSI.

"Os credores oficiais bilaterais representam outros 36% do total, seguidos dos detentores de títulos de dívida soberana, com 13%, e os bancos comerciais, com 6%", lê-se na análise, que incide no montante da dívida e não aborda o custo dessa dívida, ou seja, a diferença entre o nível dos juros cobrados pelas instituições multilaterais financeiras e os juros praticados nos empréstimos privados comerciais.

"Entre os credores oficiais bilaterais, a China é de longe o maior credor, tendo aumentando o volume em dez vezes desde 2009 para mais de 102 mil milhões de dólares [86,6 mil milhões de euros] no ano passado; o Japão é o segundo maior credor destes países, com uma exposição de mais de 23 mil milhões de dólares [19,5 mil milhões de euros], seguidos da União Europeia, com 15 mil milhões de dólares [12,7 mil milhões de euros]", aponta-se ainda na análise.

Entre os países elegíveis para participar na DSSI, um instrumento financeiro que adia os pagamentos da dívida, montado pelo G20 com o apoio do FMI e do Banco Mundial em abril, estão todos os países lusófonos africanos. A adesão à DSSI não implica automaticamente um alívio da dívida por parte dos credores privados, levando muitos analistas a considerar que, ao manterem os pagamentos da dívida privada para evitar um 'default', os países estão a prejudicar a aposta no combate à pandemia de covid-19.

África registou nas últimas 24 horas mais 179 mortes devido à covid-19, para um total de 39.738, havendo 1.644.780 infetados, mais 8.032, segundo os últimos dados relativos à pandemia no continente. De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), nas últimas 24 horas o número de recuperados nos 55 Estados-membros da organização foi de 9.040, para um total de 1.356.239 desde o início da pandemia.

O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e quase 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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