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Coreias acordam desanuviar da tensão militar mas Pyongyang rejeita desnuclearização

No final das primeiras conversações de alto nível entre Seul e Pyongyang em mais de dois anos, as delegações das duas Coreias acordaram reduzir a tensão militar na península coreana e a participação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos de Inverno que terão lugar na Coreia do Sul.

Reuters
David Santiago dsantiago@negocios.pt 09 de Janeiro de 2018 às 14:11

A Coreia do Sul e a Coreia do Norte chegaram a acordo sobre a realização de conversações com vista ao desanuviar das tensões militares na península coreana, tendo Pyongyang aceitado enviar uma delegação norte-coreana para participar nos Jogos Olímpicos de Inverno que decorrem em Fevereiro no vizinho do sul.

 

Todavia, a delegação sul-coreana adiantou que a contraparte da Coreia do Norte rejeitou renunciar ao programa de armamento nuclear em curso que coloca o país muito perto de deter capacidade tecnológica para incorporar ogivas nucleares em mísseis balísticos de longo alcance.

 

Estas informações foram avançadas em comunicado conjunto divulgado esta terça-feira, 9 de Janeiro, no final das primeiras negociações de alto nível mantidas entre delegações dos dois países em mais de dois anos. Esta terça-feira, reuniram-se delegações das duas Coreias na cidade fronteiriça de Panmunjom, situada na zona fronteiriça desmilitarizada.

 

No acordo alcançado, que representa o maior contributo dos últimos anos para reduzir a tensão entre as duas Coreias, Pyongyang aceitou enviar uma delegação norte-coreana aos Jogos Olímpicos de Inverno que vão decorrer na cidade sul-coreana de Pyeongchang, a partir do próximo dia 9 de Fevereiro.

 

A delegação olímpica norte-coreana será composta por atletas, cheerleaders militarizadas, jornalistas e ainda uma equipa de demonstração de Taekwondo, pode ler-se no comunicado conjunto citado pela CNN.

 

A nota divulgada faz ainda referência a um acordo entre Seul e Pyongyang para a realização de conversações militares para "diminuir as actuais tensões militares entre as duas Coreias". O ministério da Unificação da Coreia do Sul adiantou que este acordo decorre de uma proposta apresentada pelas autoridades sul-coreanas.

 

"Expressámos a necessidade de rapidamente retomarmos o diálogo para um acordo de paz, incluindo a desnuclearização [norte-coreana], e baseado no respeito mútuo [as duas Coreias] vão cooperar e parar actividades que possam reforçar a tensão na península coreana", acrescentou o vice-ministro sul-coreano para a Unificação, Chun Hae-sung.

 

Entre as propostas apresentadas por Seul constava ainda uma alusão à realização de negociações para a reunificação das famílias separadas no decurso da Guerra da Coreia, no início dos anos 1950. Tendo em conta que nunca foi assinado um acordo de paz, a guerra nunca teve um fim formal. Coube à Coreia do Norte sinalizar um recuo, tendo no início deste ano mudado de posição ao demonstrar disponibildiade para participar nos Jogos Olímpicos de Inverno, com o líder norte-coreano, Kim JOng-un a fazer referência a uma "oportunidade histórica" para os dois países-vizinhos caminharem para uma relação bilateral pacífica.

O regresso ao diálogo diplomático entre as duas Coreias é um facto de enorme importância, em especial porque surge depois de 2017 ter sido muito marcado pela tensão na região, designadamente provocada pelos ensaios nucleares de Pyongyang e pela troca de ameaças entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

 

Assinala também um volte-face na retórica de Pyongyang, que ainda há escassas semanas ameaçava desencadear uma guerra nuclear. Uma análise de Rupert Wingfield-Hayes na BBC faz referência à convicção dos analistas de que esta mudança de posição do regime norte-coreano pode estar relacionada com o receio de que os Estados Unidos pudessem estar a planear um ataque militar ao país. Trump lembrou recentemente que o botão nuclear americano é muito maior do que aquele detido por Pyongyang.

A China e a Rússia já demonstraram publicamente a respectiva satisfação com o decurso das negociações entre Seul e Pyongyang.

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