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Coreia do Sul sobe despesa em 9%. É o maior estímulo desde a crise financeira

O Governo sul-coreano apresentou um Orçamento do Estado para 2020 em que prevê aumentar os gastos em 9%.

Reuters
29 de Agosto de 2019 às 11:19
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O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, apresentou um orçamento para o próximo ano que prevê o maior estímulo orçamental desde a crise financeira de há uma década. A maior parte dos gastos são em investigação e desenvolvimentos (I&D) e em áreas de negócio do futuro como o 5G, a inteligência artificial e tecnologia aplicada à saúde.

Os gastos públicos deverão aumentar 9,3% em 2020 para contrariar os riscos económicos que já estão no horizonte, segundo a Bloomberg. Além da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China - países com os quais a Coreia do Sul faz grande parte das suas trocas comerciais -, o próprio país está em conflito comercial com o seu vizinho, o Japão. As exportações (que pesam 50% do PIB) estão a cair há oito meses consecutivos e a taxa de desemprego tem subido devido a estes desenvolvimentos comerciais.

Este aumento da despesa faz com que este orçamento seja "o mais expansionista possível", nas palavras do ministro das Finanças, Hong Nam-ki, citadas pela Bloomberg. Ao todo, são 382 mil milhões de euros em gastos. Já este ano, assim como em anos transatos, o Governo tinha passado no Parlamento orçamentos suplementares para estimular a economia uma vez que o PIB registou no primeiro trimestre a maior contração numa década.


Apesar da subida expressiva dos gastos, as finanças públicas do país continuarão a ser geridas com precaução, tal como tem sido regra no passado por causa do fantasma da crise financeira asiática da década de 90. No entanto, a Coreia do Sul tem uma folga maior do que a maior parte das economias desenvolvidas. É que o rácio da dívida pública sul-coreana está abaixo dos 40%, abrindo a possibilidade a que possa endividar-se mais sem que a dívida suba para níveis considerados elevados. 

De acordo com os números do Ministério das Finanças da Coreia do Sul, o rácio da dívida pública deverá aumentar para os 39,8% em 2020 por causa do estímulo orçamental. Continuará assim abaixo do rácio da dívida da Alemanha, que está nos 60%, mas acima do rácio da dívida da Suécia, que está nos 38%. 

Alguns economistas recomendam ainda mais estímulos orçamentais à Coreia do Sul, mas também há argumentos desfavoráveis. À Bloomberg, o economista sul-coreano, Sung Won Sohn, explica que há três razões para o país querer manter a dívida baixa: os custos futuros com as pensões dado que a população é uma das que mais envelhece, o potencial fardo financeiro de uma eventual reunificação com a Coreia do Norte e o facto da sua moeda não ser uma das principais divisas mundiais, estando mais sujeita à volatilidade. 

Para o presidente sul-coreano o país está em melhores condições orçamentais do que o Japão ou os Estados Unidos pelo que deixar a dívida pública aumentar para os 46,4% até 2023 é "aceitável" e "inevitável". Esta é também uma forma de melhorar as condições económicas em 2020, um ano em que o país vai às urnas.

A economia sul-coreana continua a crescer acima dos 2%, mas está em desaceleração. O Banco da Coreia do Sul (banco central) reviu em baixa a previsão de crescimento em 2019 de 2,5% para 2,2%. Além disso, também cortou os juros diretores em 25 pontos base pela primeira vez em três anos, aproximando-os de níveis historicamente baixos. É expectável que em outubro haja outro corte.

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