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Colombianos lotam Plaza de Bolívar para comemorar acordo de paz

Centenas de colombianos reuniram-se nesta segunda-feira à noite na Plaza de Bolívar, em Bogotá, para comemorar e acompanhar por ecrãs a assinatura do acordo de paz entre o Governo e a guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Reuters
27 de Setembro de 2016 às 02:05
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Após mais de 30 anos de conflito, os colombianos celebraram o acordo vestidos de branco, com as caras pintadas de amarelo, azul e vermelho (cores da bandeira do país), acessórios típicos, como o "sombrero volteado" (chapéu colombiano), e cartazes e bandeiras de partidos políticos e em defesa do "Sí" ("Sim"), referindo-se ao voto no plebiscito que ocorrerá no próximo domingo, no qual a população deverá ratificar ou não o acordo. 

 

"Quero que os meus filhos vivam num país em paz", disse à agência Lusa a dona de casa Paola Bogotá, 23 anos, com o Thomás, de 1 ano, no colo. "Hoje é um dia histórico para nós", acrescentou.

 

Tanto crianças como jovens estudantes, adultos e idosos estiveram na Plaza de Bolívar, no coração da cidade, a apoiar o acordo.

 

A marcha para o local começou ao início da tarde em Bogotá (cerca de 18:00 em Lisboa), e a concentração contou com bandas musicais, grupos artísticos e movimentos que defendem a assinatura do documento, que ocorreu hoje na cidade de Cartagena de Las Índias.

 

Também foram feitas homenagens a vítimas do conflito, com um minuto de silêncio, flores e cartazes com nomes e fotografias de mortos e desaparecidos nos últimos 30 anos.

 

O ex-guerrilheiro Germán Alonso Moreno Ortuz, 60 anos, desmobilizado do grupo M-19 há 26 anos, defendeu o acordo. "Desde quando criamos a coordenação guerrilheira Simón Bolívar, que uniu as guerrilhas das FARC, M-19 e EPL, em 1981, defendemos o abandono das armas. Hoje, os irmãos das FARC dão um grande passo para a paz", disse.

 

Ortuz acrescentou esperar que a guerrilha do ELN, ainda activa, recorra a um processo de paz nos próximos meses. O ex-guerrilheiro estava em frente ao Palácio de Justiça, tomado, em Novembro de 1985, pela guerrilha do M-19, numa operação que terminou com um saldo de quase 100 mortos. Na praça também se localizam a sede do Congresso colombiano e a catedral de Bogotá.

 

A estudante Angie Duarte, 20 anos, enrolada numa bandeira colombiana e ao lado da estátua de Simón Bolívar, herói das independências na América Latina, afirmou ter esperança no acordo. "Este é o começo para a constituição de uma sociedade mais regulamentada, mais igualitária e com mais oportunidades a todos", disse.

 

Quando o Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder das FARC, Rodrigo Londoño, conhecido como Timotchenko, assinaram o acordo (na foto), a multidão aplaudiu e caíram lágrimas dos olhos da reformada Ana Maria Arango Restrepo, de Medellín.

 

"No último dia 18 eu fiz 60 anos e este é o momento mais importante que acompanhei em vida. Hoje, sim, somos um novo país", afirmou. Segurando uma pomba da paz feita em papel nas mãos, acompanhava a multidão a gritar: "Sí, se pudo! Sí, se pudo!" ("Sim, conseguimos"). Mesmo quando os presentes pararam com o coro, Ana Maria continuou a sorrir e a gritar "Sí, se pudo!". E concluiu: "Já estou a festejar". 

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