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Alemanha lembra Estados Unidos que “já não estamos na Guerra Fria”
O Governo alemão manifestou hoje surpresa em relação às notícias sobre escutas dos Estados Unidos a instituições e países europeus e disse que transmitiu a Washington a necessidade de restaurar a confiança.
"A Europa e os Estados Unidos são parceiros, amigos e aliados. A confiança deve ser a base da nossa cooperação e, neste caso, a confiança tem de ser restaurada", disse o porta-voz do Governo, Steffen Seibert, à imprensa.
"Já não estamos na Guerra Fria", disse.
O porta-voz afirmou que o Governo alemão recebeu a notícia da revista Der Spiegel "com surpresa, melhor dito, com grande descontentamento", o que "foi transmitido à Casa Branca no fim-de-semana".
"As notícias não são automaticamente factos e, por isso, precisamos de ir ao fundo desta questão", disse. "Mas, se for verdade que instituições europeias e países europeus foram espiados, então teremos de dizer que escutar amigos é inaceitável", acrescentou.
Depois de investigadas as alegações e caso elas se confirmem, haverá "uma reacção unânime e muito clara da Europa", disse o porta-voz, acrescentando que a Alemanha tem mantido consultas sobre este assunto com França.
A Der Spiegel noticiou no domingo que a Agência Nacional de Segurança (NSA) norte-americana espia edifícios oficiais da União Europeia nos Estados Unidos e em Bruxelas há vários anos.
Na União Europeia, a Alemanha seria um dos alvos prioritários da espionagem, segundo a revista, que cita documentos secretos revelados pelo ex-consultor da NSA Edward Snowden.
Seibert referiu que durante a recente visita do Presidente norte-americano, Barack Obama, a Berlim, a chanceler alemã, Angela Merkel, já o tinha advertido para a necessidade de "um equilíbrio" entre segurança nacional e privacidade, na sequência das primeiras revelações sobre os programas de vigilância da NSA.