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"Trump é como um pugilista. Sabe que vai levar uns golpes mas acredita que ganha o combate"

Avanços e recuos na guerra comercial mostram que está em prática um "jogo de estratégia" onde Donald Trump é "como um pugilista que tem a perspetiva que vai ganhar o combate". É o que defende António Alvarenga, professor de Estratégia da Universidade Nova de Lisboa, que sublinha que a "Europa não funciona à mesma velocidade".

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Uma das bandeiras de Donald Trump na campanha para a Casa Branca foi a aplicação de tarifas comerciais a vários países, num ato de protecionismo que não era visto há quase 100 anos. Contudo, a chamada guerra comercial começou com uma trégua, com o adiamento das tarifas a aplicar no México e no Canadá. Avanços e recuos que levam António Alvarenga, professor de Estratégia da Universidade Nova de Lisboa, a afirmar que estamos perante uma espécie de jogo.

"Quase que parece que estamos num simulador, não é? Estamos todos num simulador de gestão ou de estratégia. O grande problema é que é um simulador com pessoas, com trabalhadores, com empresas, com Estados lá dentro e com consequências potencialmente muito fortes e muito sérias na economia e na vida das pessoas", considera em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW.

"As justificações são, acima de tudo, políticas. Não diria que não há justificações económicas, mas há justificações políticas que têm a ver, no caso do México, com a imigração. Tem a ver com o controlo das fronteiras, tem a ver com o tráfico, o controlo do tráfico de drogas. Também tem a ver com uma ideia de aproveitar o peso americano na economia global, de ser a maior economia do mundo e uma ideia quase de combate de boxe, em que somos um pugilista, ou melhor, Trump é uma espécie de pugilista que sabe que vai levar a alguns golpes, mas que tem a perspetiva que vai ganhar o combate, argumenta o docente.

Questionado sobre se as trocas comerciais globais vão ser obrigatoriamente redesenhadas, António Alvarenga refere que "é uma espécie de uma revolução em curso. É um dia histórico, ou uns dias históricos, de avanço e recuo, mas, acima de tudo, de uma nova linguagem que estamos todos a usar, esta guerra comercial".

"Isto é um enorme, é o assumir de um mundo bipolar. Porque com duas grandes potências económicas e também militares e já estratégicas, que são os Estados Unidos e a China, mas também bipolar pela sua imprevisibilidade, uma espécie de incerteza radical que leva, por exemplo, alguns ativos um bocadinho mais seguros a serem mais atrativos e a revoluções diárias nos mercados e na economia internacional", continua.

Quanto à União Europeia, o professor de Estratégia da Universidade Nova de Lisboa considera que "não funciona à mesma velocidade". "Claramente, vai ser um desafio enorme, mas preocupa-me porque é um desafio de velocidade, é um jogo jogado a enorme velocidade, como nós vimos, em 24 horas. Com as tarifas impostas pela administração americana, as respostas do México, do Canadá e da China, tudo decidido em pouquíssimo tempo, os telefonemas, e a Europa não funciona à mesma velocidade", sublinha.

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