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Futuro embaixador dos EUA promete juntar start-ups portuguesas e norte-americanas
George Glass enalteceu, na sua audição no Senado, a "recuperação económica notável" de Portugal e recordou a visita ao país em 2014, quando o país sofria os efeitos da crise. "Deus, família e (...) trabalho duro" permitiram ao país recuperar, afirmou.
George Edward Glass, o nome escolhido pelo presidente norte-americano Donald Trump para chefiar a embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, comprometeu-se a usar a sua experiência no sector financeiro para aproximar as empresas inovadoras em Portugal e nos EUA, comparando o surgimento de start-ups na capital ao movimento ocorrido nos anos 80 e 90 na zona de São Francisco.
Esta intenção de aproximar empresas dos dois lados do Atlântico ficou patente há cerca de uma semana durante a sua audição no Senado norte-americano, um dos passos para que se torne efectiva a sua sucessão a Robert Sherman no posto diplomático em Lisboa.
"Lisboa é actualmente considerada uma das mais activas cidades de start-ups tecnológicas na União Europeia. Dadas as minhas anteriores funções enquanto presidente da Pacific Crest Securities, estou numa situação privilegiada para ajudar a parcerias entre empresas norte-americanas e portuguesas que aproveitem o ‘boom’ tecnológico a que estamos a assistir," lê-se no texto da audição no comité de Negócios Estrangeiros do Senado.
A capital portuguesa tem vindo a assistir a um crescimento do número de empresas inovadoras de base tecnológica, um percurso que culminou no ano passado com a realização em Lisboa, pela primeira vez, do Web Summit, um dos maiores evento global de tecnologia e start-ups, que este ano se repete entre 6 e 9 de Novembro.
"A emergência de pequenas start-ups, incubadoras e ‘boot camps’ [conceitos de formação intensiva] parece-se muito com a San Francisco Bay Area dos anos 80 e princípios dos 90," acrescentou Glass, referindo que este potencial pode ser usado para reforçar os laços comerciais luso-americanos.
Na intervenção perante os senadores – cuja transcrição está disponível num documento de duas páginas no site do Senado -, o embaixador nomeado recorda ainda a vinda a Portugal em 2014 para uma "visita alargada", onde pôde constatar os efeitos da crise económica e financeira e da intervenção da troika.
"Mary [a mulher de Edward] e eu (…) vimos por nós próprios o que é que os cortes na despesa e nos salários e o aumento dos impostos estavam a fazer ao ambiente económico," afirmou, recordando o nível elevado de desemprego entre os jovens.
"O que testemunhámos nessa viagem fez-nos amar o povo português para toda a vida,", garantiu. Mas o que, segundo Glass, permitiu ao país deixar para trás a recessão económica foram "os mesmos valores em que acreditamos na América…...Deus, família e a crença de que o trabalho duro acabaria por ajudar a alcançar o êxito. (…) Apenas três anos depois, Portugal vive uma recuperação económica notável," acrescenta.
Em resposta a questões do senador democrata Bob Menendez, Glass admitiu não falar português - "Neste momento não, tive algum espanhol. Estou a trabalhar no português," - dizendo contar com os serviços da embaixada em Lisboa para esse fim. "Viajámos por todo o país, percebi que a hospitalidade das pessoas era extraordinária. (...) Deixámos uma grande parte dos nossos corações lá (...) e queríamos regressar," afirmou, dizendo não esperar que esse regresso fosse em missão diplomática. "Portugal é muito importante para nós," concluiu.
A nomeação de Glass - um ex-banqueiro de investimento que está actualmente no ramo imobiliário e com presença como administrador em universidades - foi conhecida a 19 de Junho. Oito dias depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, anunciava que Portugal já tinha concedido "o 'agrément'" para o novo embaixador.
Glass deverá comparecer de novo no Senado esta quinta-feira, 27 de Julho, a partir das 15:00 (hora em Portugal Continental, 10:00 em Washington).