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Filho de Bolsonaro: “Vocês acabaram de eleger o presidente”
O candidato de extrema-direita à presidência do Brasil que foi esfaqueado esta quinta-feira está estável e já apareceu num vídeo divulgado pelo filho, que diz que o atentado só vem dar força à campanha do pai. Restantes candidatos já criticaram atentado e os analistas dividem-se sobre o seu impacto nas eleições.
"Só um recado pra esses bandidos que tentaram arruinar a vida de um pai de família, de um cara que é esperança de milhões de brasileiros: vocês acabaram de eleger o presidente. Vai ser no primeiro turno", afirmou esta madrugada o filho de Jair Bolsonaro, o candidato à presidência brasileira que foi alvo de um atentado durante uma acção de campanha na quinta-feira ao final do dia.
O congressista brasileiro de extrema-direita, autor de comentários polémicos, muitas vezes apelando à violência, foi agredido com uma arma branca na cidade de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais. O agressor foi imediatamente detido. É um homem de 40 anos que afirmou ter agido "a mando de Deus".
Bolsonaro foi operado e está estável, embora a expectativa seja a de que tenha de permanecer hospitalizado durante pelo menos mais uma semana, esperando-se que a recuperação demore cerca de dois meses. Nas suas primeiras declarações ao país, na cama de hospital, através de um vídeo gravado pelo senador Magno Malta, do Partido da República-Espírito Santo, que é um dos seus aliados nesta candidatura, Bolsonaro disse que já estava preparado para uma situação deste género.
Fora dos tempos de antena
"Como é que o ser humano é tão mau assim? Eu nunca fiz mal a ninguém", declarou. O candidato não vai poder participar nos desfiles desta sexta-feira, em que se comemora a independência do Brasil, mas o filho, o senador Eduardo Bolsonaro, desvalorizou o período em que vai ter de ficar em recuperação: "Está mais forte do que nunca e pronto para ser eleito Presidente do Brasil no 1° TURNO!", escreveu nas redes sociais.
O candidato de extrema-direita ganha exposição com o atentado, mas o facto de não poder fazer campanha de rua pode sair-lhe caro. Isto porque, de acordo com as leis eleitorais brasileiras, a sua coligação, dada a pequena dimensão, tem direito a pouco tempo de campanha publica nas rádios e televisões. Por isso os comícios e acções de rua assumem especial importância para a candidatura que tem aí a oportunidade de se dar a conhecer e passar a sua mensagem.
Bolsonaro tem apelado à violência. Candidatos criticam
Os vários candidatos à presidência do Brasil já vieram criticar o atentado, repudiando a violência nas acções de campanha. No Twitter, a campanha de Lula escreveu que foi "lamentável. Nenhum ato de violência pode ser admitido. A violência não é justificável. Na política temos que nos ater ao enfrentamento de ideias".
Também no Twitter, Ciro Gomes, candidato pelo PDT afirmou "repudiar a violência como linguagem política", afirmando que se solidarizava com o seu opositor.
Nas entrelinhas, porém, houve também críticas a Bolsonaro, como a da candidata ao Senado Dilma Rousseff, do PT: "Acho lamentável. Agora, acho que incentivar o ódio cria esse tipo de atitude".
Bolsonaro é um capitão do exército já retirado e posiciona-se como anti-político, muito embora ele próprio tenha passado quase três décadas no Congresso. A sua postura é radical no que toca à segurança no país, que lidera as estatísticas de homicídios. Nos comícios usa em geral um gesto a simular pistolas nas mãos e já afirmou que encorajaria a polícia a matar suspeitos de membros de gangues de drogas e outros criminosos armados.
Também já elogiou abertamente a ditadura militar do Brasil e no passado disse que deveria ter matado mais pessoas.