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"É inútil ameaçar o Irão", diz conselheiro do líder supremo iraniano

Em resposta à decisão dos EUA de colocarem o Irão "on notice" depois do disparo de um míssil, Ali Akbar Velayati diz que não é a primeira vez que "uma pessoa inexperiente" ameaça a República Islâmica. E que o país não precisa de autorização para se defender.

Reuters
02 de Fevereiro de 2017 às 12:28
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Um dos conselheiros do líder supremo do Irão reagiu à decisão dos EUA colocarem sob vigilância a actividade do país, após o ensaio por Teerão de um míssil balístico no fim-de-semana passado, considerando que essa "ameaça" é "inútil".

"Não é a primeira vez que uma pessoa inexperiente ameaça o Irão. (...) O Governo americano vai perceber que é inútil ameaçar o Irão. (...) O Irão não precisa da autorização de nenhum país para se defender," afirmou Ali Akbar Velayati, aliado do ayatola Khamenei, em declarações à agência noticiosa Fars, citadas pela Reuters e pela Sky News.

As declarações chegam menos de 24 horas depois de os Estados Unidos terem anunciado a colocação do Irão "sob observação" depois do ensaio com o míssil, o primeiro feito durante a administração de Donald Trump.

 

"A partir de hoje, estamos a pôr oficialmente o Irão 'on notice'," afirmou esta quarta-feira, 1 de Fevereiro, o conselheiro de segurança nacional Michael T. Flynn, sem explicar em que consiste esse estado. Sobre a mesa poderão estar opções de restrição financeira, económica ou militar.

Já esta quinta-feira, 2 de Fevereiro, o próprio Donald Trump repetiu a decisão tomada em mais uma publicação no Twitter. 

"O Irão foi formalmente COLOCADO 'ON NOTICE' por disparar um míssil balístico. Devia estar agradecido pelo acordo terrível que os EUA fizeram com ele! (...) O Irão estava a dar as últimas e pronto a colapsar quando os EUA chegaram e lhe deram uma bóia na forma do Acordo com o Irão: 150 mil milhões de dólares", escreveu, numa alusão à promessa de desbloqueio de activos iranianos.


Flynn considerou ontem que o lançamento constituiu uma violação de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, apesar de a República Islâmica ter garantido esta manhã que o lançamento não feriu nem a resolução nem o acordo nuclear estabelecido com as potências internacionais em 2015.

 

O conselheiro condenou as actividades de Teerão e acrescentou que as autoridades iranianas continuam a "ameaçar" os EUA e os amigos e aliados do país na região e a sentirem-se reforçados pelo acordo alcançado em vez de "agradecidos" aos EUA.

 

"O teste estava em linha com os nossos planos e não permitiremos que estrangeiros interfiram nos nossos assuntos de defesa," tinha já ontem afirmado o ministro da Defesa iraniano, Hossein Dehghan, citado pela agência noticiosa Tasnim e pela Reuters, ainda antes de se conhecer a reacção norte-americana.

 

O teste do míssil balístico de médio alcance ocorreu no domingo. O projéctil explodiu depois de ter percorrido cerca de mil quilómetros, de acordo com fontes norte-americanas.

Esta quinta-feira o jornal alemão "Die Welt" escreve, citando fontes não identificadas de serviços de inteligência, que o Irão lançou entretanto um outro projéctil - um míssil cruzeiro Sumar - mais difícil de detectar que um balístico e capaz de transportar armas nucleares, que percorreu cerca de 600 quilómetros.

O acordo que pretende impedir o Irão de obter ou desenvolver armamento nuclear foi assinado em Julho de 2015 entre os EUA, Reino Unido, França, Alemanha, China, Rússia, União Europeia e Irão. Compromete a República Islâmica com mecanismos de verificação do cumprimento do acordo em troca do levantamento de sanções económicas. 

(Notícia actualizada às 12:46 com referência a notícia do Die Welt)

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