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Doença de Trump envolta em mistério: Quando foi infetado? Porque toma remédio experimental? Recebeu ou não oxigénio?

O estado clínico do presidente norte-americano está a levantar muitas interrogações. A equipa médica que o está a seguir desvaloriza e diz que Trump está a evoluir bem, mas a falta de respostas a questões sensíveis e informações de outras fontes apontam para uma situação mais preocupante.

03 de Outubro de 2020 às 23:12
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O internamento do Presidente Donald Trump está a causar grande preocupação nos Estados Unidos e coloca sérias limitações na campanha eleitoral, com vários líderes republicanos contagiados com o novo coronavírus a um mês de eleições presidenciais.

"O Presidente está a ir muito bem", disse o médico da Casa Branca, Sean Conley, na conferência de imprensa, este sábado, em frente ao Hospital militar Walter Reed, em Bethesda, nos arredores de Washington. Segundo o clínico, "a tosse e o cansaço do Presidente estão a melhorar, bem como a dificuldade em respirar".

Na madrugada de sexta-feira, Donald Trump, de 74 anos, escreveu na sua página pessoal da rede social Twitter que, tal como a primeira-dama, Melania, tinha testado positivo à doença covid-19 e que iria ficar em quarentena, num anúncio que deixou o país em alerta e que multiplicou reações em todo o mundo. Horas depois, Donald Trump foi internado por medida de precaução no Hospital Militar Walter Reed.

Na conferência de imprensa, Sean Conley, especialista em pneumologia, disse que os sete a dez dias após o início da doença são críticos e a condição do Presidente na altura crítica dará uma noção mais clara do curso da doença. Trump vai continuar internado no hospital e está a seguir um tratamento intensivo, incluindo Regeneron, um medicamento experimental.

A conferência de imprensa foi reveladora não tanto pelo que foi dito, mas pelo que o médico da Presidência não quis dizer. Perguntas sobre se o presidente recebeu oxigénio, bem como questões específicas sobre o seu estado de saúde tiveram resposta evasiva, ou recusa em responder.

A pergunta mais importante sem resposta foi sobre quando o Presidente foi testado negativamente pela última vez. Este dado é fundamental para saber exatamente quando e como o Presidente foi infetado. O que se sabe é quando o Presidente começou a apresentar sintomas de covid-19 e foi testado positivamente. Como tal há um período intermédio em que o Presidente esteve envolvido em atividades de contacto direto, que o médico não quis revelar.

Trump teve um teste positivo de coronavírus na noite de quinta-feira, 01 de outubro e foi admitido no Hospital Militar Walter Reed na sexta-feira à tarde com o agravar de sintomas. A Casa Branca dispõe de instalações médicas para o Presidente e o internamento significa que a situação é mais grave do que a equipa médica de Donald Trump está a transmitir. A primeira-dama, Melania Trump, que foi contagiada ao mesmo tempo que o marido, apresenta um quadro clínico controlado e não foi hospitalizada. Uma situação que também confirma a gravidade do estado de saúde do Presidente.

Questionado sobre o motivo da decisão de transferir Trump para o Hospital Walter Reed, Sean Conley, que é também médico da Marinha americana, respondeu: "Porque ele é o Presidente dos Estados Unidos".

De acordo com a estação de televisão CNN, o jornal New York Times e a estação pública de rádio NPR, a Casa Branca está a desenvolver uma campanha de relações públicas para suavizar a situação. Na sexta-feira à noite, Sean Conley divulgou uma carta dizendo que Trump estava "muito bem", tendo sido iniciado um tratamento com Remdesivir. Na realidade, este é um medicamento experimental que ainda não recebeu a aprovação da Food and Drug Administration, a entidade que regula novos medicamentos nos Estados Unidos.

Donald Trump, pela idade, peso excessivo, recente debilidade cardíaca e constante pressão de trabalho e de campanha eleitoral, está num grupo de risco elevado. Desde o início da pandemia, o Presidente minimizou as consequências do novo coronavírus e ridicularizou a importância do uso de máscaras. Durante um comício de campanha em Ohio no mês passado, Trump disse à multidão que o coronavírus afeta "virtualmente ninguém".

Há uma semana, mais de 100 convidados reuniram-se no "Rose Garden" da Casa Branca para o anúncio da juíza Amy C. Barrett, proposta pelo Presidente para o Supremo Tribunal. Sete dias depois, oito pessoas que participaram na cerimónia testaram positivo para a covid-19.

No recente debate eleitoral com Joe Biden, Trump ridicularizou o uso de máscaras. Embora fosse obrigatório usar máscaras para os assistentes no recinto, a família do Presidente recusou o seu uso. Vários elementos da liderança republicana, funcionários de campanha e assessores da Casa Branca testaram também positivo o que coloca grandes limitações na campanha presidencial, quando falta apenas um mês para o dia da eleição.

O segundo debate eleitoral marcado para 15 de outubro em Miami, na Florida, não deverá realizar-se. Com o Presidente hospitalizado, as atenções viram-se para Mike Pence. O vice-Presidente tem feito testes regulares sempre negativos e mantém a sua agenda inalterada, substituindo mesmo o Presidente Trump em eventos digitais da campanha eleitoral.

O médico do Vice-Presidente, Jesse Schonau, divulgou um comunicado afirmando que Pence não precisa de quarentena e pode "continuar as suas atividades normais" porque "não é considerado um contacto próximo com qualquer indivíduo que tenha testado positivo para a covid-19, incluindo o Presidente Donald J. Trump". Mike Pence assumirá a Presidência caso o estado de saúde de Donald Trump seja crítico, ou no caso duma fatalidade presidencial.

Pence participa no debate da vice-Presidência com a candidata democrata Kamala Harris, na próxima quarta-feira, 7 de outubro.
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