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Dilma: "Lutarei para sobreviver"

Em entrevista à CNN, a Presidente do Brasil admitiu que o seu afastamento do cargo pode ser inevitável ao afirmar que "ficará muito triste se falhar os Jogos Olímpicos". Mas garantiu que não baixará os braços.

Reuters
Negócios 28 de Abril de 2016 às 13:25

Dilma Rousseff assegurou que continuará a bater-se pela sua manutenção na presidência do Brasil, embora tenha admitido como provável o seu afastamento temporário do cargo, ao afirmar à CNN que ficará "muito triste se falhar os Jogos Olímpicos" que arrancarão em Agosto no Rio de Janeiro.

"Lutarei para sobreviver. Não só pelo meu mandato, mas pelo facto de que o que estou defendendo é o princípio democrático que rege a vida política brasileira", frisou em entrevista à cadeia de televisão norte-americana, destacando que os líderes no Congresso enfrentam denúncias de corrupção, tendo nomeado o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, contra quem corre igualmente um processo de quebra de mandato.

Questionada pela jornalista Christiane Amanpour, sobre a sua impopularidade e sobre a circunstância de ser considerada "uma das piores dirigentes do mundo", Dilma respondeu: "No Brasil, um país com sistema presidencialista, assim como os Estados Unidos, ninguém pode ser levado a um processo de "impeachment" por impopularidade porque impopularidade é cíclica. Todos os presidentes ou primeiros-ministros da Europa que tiveram taxas de desemprego de 20% teriam que sofrer processo de "impeachment" porque também tiveram profundas quedas na popularidade".

Neste momento, o pedido de "impeachment" de Dilma está sob análise de uma comissão especial no Senado composta por 21 parlamentares. O relator, o senador Antonio Anastasia (membro do PSDB, o maior partido da oposição), terá agora de elaborar um parecer sugerindo a continuidade ou não do processo. Esse relatório deverá ser votado por volta de 10 de Maio. Se nessa votação se constatar uma maioria simples de senadores favoráveis ao prosseguimento das investigações, Dilma será afastada do cargo por até 180 dias e, durante esse período, o vice Michel Temer assumirá a Presidência da República.

A palavra decisiva sobre o destino de Dilma Rousseff cabe a estes 81 senadores, num processo jurídico-político que será conduzido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e que deverá estar definitivamente concluído até ao fim do ano. Até lá, o Senado terá de concluir, por dois terços, se a presidente cometeu ou não crimes contra a Constituição e a Lei Orçamental. Se não o fizer dentro desse prazo, a presidente retoma as suas funções. 

Após 34 pedidos de "impeachment" que chegaram à Câmara dos Deputados só em 2015, um foi aceite no final do ano passado. Nele, Dilma Rousseff é acusada de ter cometido irregularidades graves na gestão das finanças públicas do país que podem configurar "crimes de responsabilidade".

Em causa está o facto de 
não ter ressarcido atempadamente os bancos que pagam as verbas de diversos programas do governo e prestações sociais, de ter realizado despesa sem a necessária autorização do parlamento e de ter omitido essas operações da contabilidade pública. Nas contas do Tribunal de Contas brasileiro, os desvios ascenderam, no ano eleitoral de 2014, a 106 mil milhões de reais (26,4 mil milhões de euros). A sanção passível é a perda de mandato e inelegibilidade por oito anos.

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