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Dilma denuncia na ONU "grave momento" vivido pelo Brasil

No mesmo dia em que Dilma viajou para Nova Iorque para assinar o Acordo de Paris na ONU, o vice-Presidente e adversário Michel Temer sugeriu em entrevista ao Wall Street Journal estar preparado para assumir a Presidência do país.

Paulo Zacarias Gomes paulozgomes@negocios.pt 22 de Abril de 2016 às 16:34

A Presidente brasileira Dilma Rousseff, que tem pendente contra si no Senado um processo de destituição, denunciou esta sexta-feira perante a Assembleia Geral das Nações Unidas o que considerou ser o momento politicamente "grave" que o país atravessa.

"Não posso terminar minhas palavras sem mencionar o grave momento que vive o Brasil. A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir qualquer retrocesso", afirmou a Chefe de Estado esta sexta-feira, 22 de Abril, em Nova Iorque, onde se encontra para a assinatura do Acordo de Paris que pretende combater as alterações climáticas no planeta.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, Dilma discursou durante sete minutos e, ao longo da sua intervenção, sem se ter referido à palavra "golpe" que por várias vezes utilizou nos ataques à oposição que persegue o seu "impeachment", agradeceu aos líderes mundiais que nas últimas semanas lhe têm demonstrado "solidariedade", como aconteceu nas últimas semanas com os presidentes venezuelano e boliviano, Nicolas Maduro e Evo Morales.



Depois de aprovado por dois terços da Câmara dos Deputados no domingo passado, o processo de destituição da Presidente seguiu para o Senado, onde se espera que seja votado em meados de Maio. Se mais de metade dos senadores aprovarem o prosseguimento do processo, Rousseff será afastada automaticamente do cargo por 180 dias.

Nesse período, seria substituída pelo vice-Presidente e antigo aliado de Governo pelo PMDB Michel Temer, cujo partido recentemente se desvinculou do apoio ao Executivo. Temer assumiu aliás interinamente esse cargo esta quinta-feira com a viagem de Rousseff aos Estados Unidos. E no dia em que Dilma falou em Nova Iorque, um jornal também norte-americano publica uma entrevista do possível futuro Presidente onde este diz estar pronto para assumir o cargo.

Em declarações ao The Wall Street Journal, Michel Temer nega a existência de um golpe de Estado e defendeu que o impeachment segue os procedimentos constitucionais.

"Vou devolver-lhe o cargo quando regressar [de Nova Iorque]. (…) Cada etapa do processo de destituição é conforme com a Constituição. Como é que isto é um golpe de Estado?", questiona, afirmando que as acusações de Dilma desprestigiam o cargo de vice-Presidente e o próprio país.

Apesar de ter desmentido por várias vezes estar a preparar um governo para suceder a Dilma Rousseff, desta vez Temer assume estar a falar com possíveis membros de um futuro Executivo: "Quando chegar o momento, terei um gabinete na minha cabeça e só então darei a conhecer os nomes".

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