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Dilma acusa Temer de "golpista" e "chefe conspirador"

Num discurso violento contra o seu vice, a Presidente brasileira disse que caiu "a máscara dos conspiradores" depois da divulgação "acidental" de um discurso em que Temer se assume como presidente substituto.

Reuters
12 de Abril de 2016 às 19:19
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A Presidente brasileira Dilma Rousseff sugeriu esta terça-feira, 12 de Abril, que o seu vice-Presidente Michel Temer (do PMDB) estará por detrás da "conspiração" e do "golpe" da destituição da chefe de Estado.


Num discurso em Brasília, no Palácio do Planalto (que aloja a Presidência), Dilma referiu-se à gravação ontem divulgada alegadamente por acidente por Michel Temer - cujo partido se desvinculou do Governo a 29 de Março – e em que aquele discursava como se a destituição da Presidente já tivesse acontecido.


"Nós vivemos tempos de golpe, de farsa e de traição. Agora, conspiram abertamente, à luz do dia, para desestabilizar uma presidente legitimamente eleita", referiu a Presidente, citada pelo jornal "Folha de São Paulo".


Dilma afirmou mesmo que a divulgação da gravação revelou "a traição" contra si "e contra a democracia e que o chefe conspirador não tem compromisso com o povo", além de acusar Temer de deliberada e premeditadamente tentar passar a imagem de uma divulgação acidental da gravação.


O áudio, de cerca de 15 minutos, foi enviado aos deputados do PMDB "por acidente", segundo a assessoria de imprensa do vice-Presidente. "Trata-se de um exercício que o vice estava fazendo em seu celular e que foi enviado acidentalmente para a bancada", referiu a assessoria à Folha de São Paulo.


Nele, Temer faz o seu primeiro discurso à nação como se tivesse sido aprovada na Câmara dos Deputados a destituição da Presidente – cuja votação só está prevista para domingo – e assumindo-se como  "substituto constitucional da senhora presidente da República". Se a destituição for aprovada na Câmara e posteriormente no Senado, Dilma deixará o cargo, pelo menos temporariamente - até se decidir depois se a medida será permanente.


"Cai a máscara dos conspiradores e o país e a democracia não merecem tamanha farsa", disse, associando também o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ao "golpe", a quem apelidou de "vice-chefe assumido da conspiração".

Há várias semanas que o nome de Temer é citado pela imprensa brasileira como estando em conversações com partidos da oposição, como o PSDB, para substituir Dilma Rousseff em caso de aprovação do "impeachment" da Presidente. Contactos que Temer sempre negou.

No final do mês passado, o partido abandonou o Governo Dilma e Temer acabou também por deixar a presidência do PMDB para que esta formação partidária pudesse assumir um papel mais interventivo no processo de destituição.

O Partido dos Trabalhadores, que lidera o Governo, viu esta segunda-feira à noite ser aprovado em comissão especial o parecer favorável ao processo de destituição de Dilma Rousseff, que segue para votação no plenário da Câmara dos Deputados.

O parecer defende que a Presidente cometeu um crime de responsabilidade ao abrir créditos suplementares sem autorização do Congresso Nacional e ao atrasar transferências para o Plano Safra, no que ficou conhecido como "pedaladas orçamentais". Um documento que Dilma considerou esta terça-feira ser um "instrumento de uma fraude", além de "frágil" e "sem fundamento".

Para ser aprovado, serão necessários os votos de dois terços dos deputados, ou seja, 342 dos 513 parlamentares. Se não obtiver esses 342 votos, a denúncia será arquivada. Se for aprovado, o processo seguirá para o Senado.

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